No discurso anual de abertura do Congresso Nacional do Povo, o primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, afirmou hoje em Pequim que os "riscos latentes" nos setores bancários e de finanças públicas do país estão em alta e afirmou que os principais objetivos do governo neste ano serão aumentar o consumo interno, acelerar a reestruturação da economia e controlar a inflação. Os preços ao consumidor começaram a subir no fim de 2009, depois de nove meses de deflação.
Para este ano, Wen previu inflação de 3%. Em dezembro, o índice foi de 1,9% e em janeiro, de 1,5%.O premiê também previu que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá 8% neste ano, índice considerado conservador pelos analistas, que esperam índice de 9% a 10%.
A política fiscal continuará sendo pró-ativa e a monetária relativamente expansiva, ressaltou Wen. Ele confirmou a meta de concessão de US$ 1 trilhão em novos créditos em 2010. No ano passado, a cifra foi de US$ 1,4 trilhão, o dobro do registrado em 2008.
A rápida expansão dos financiamentos bancários é a principal causa da preocupação com a saúde do setor financeiro e das contas públicas.
Há temor de que muitos desses novos créditos não sejam recuperados e que o eventual rombo tenha de ser coberto pelo governo.
O primeiro-ministro observou que haverá controle na realização de empréstimos a setores intensivos e de energia poluentes ou nos quais haja excesso de capacidade instalada. "Os dilemas de antes do desenvolvimento econômico e social estão aumentando", disse Wen.
"O ano passado foi o mais difícil para o desenvolvimento econômico da China no século 21, enquanto este ano será o mais complicado", afirmou o primeiro-ministro em um chat online realizado sábado pela agência oficial de notícias Xinhua.
GASTOS SOCIAIS
Em seu discurso de hoje na abertura do Congresso Nacional do Povo, Wen anunciou ainda que o governo aumentará os gastos na sociais, principalmente na concessão de aposentadorias, na reforma do sistema de saúde e na construção de casas populares.
A China não tem uma rede de proteção social e a maioria da população não recebe aposentadorias. O sistema de saúde não é gratuito e o custo dos serviços médicos subiu de maneira constante nos últimos anos. A solução desses problemas é considerada crucial para a expansão do consumo doméstico.
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