Há muito tempo, os seres humanos aprenderam que a
natureza se repete as chuvas , as cheias, as flores, os frutos, o frio, o calor
e o próprio aspecto do céu, tudo se repete com muita regularidade. Por isso,
muitas coisas voltam a se repetir durante a nossa vida. Por exemplo, as datas
comemorativas como o nosso aniversário, o natal, o 1o do ano,
o carnaval e muitas outras. Essa repetição é interessante porque permitem prever
que haverá novas chuvas, novas plantas e o alimento se renovará sempre. No
passado, medir corretamente essa repetição significou prever o futuro, prever as
épocas de chuva, plantio e colheita.
Qual o meio mais seguro de medir os períodos de
repetição? As chuvas, por exemplo, não acontecem sempre em intervalos regulares,
então não dá para se guiar por elas. No entanto, mesmo antes de aprender a
escrever o homem percebeu que o céu tinha um ciclo de repetição muito regular e
concluiu que, a melhor maneira de medir o tempo era observando o céu, assim
descobriram, por exemplo, que o ano tem 365 dias. Mas contar 365 dias corridos
não é muito eficiente, fica fácil se perder. Então o que se fez foi dividir o
ano em intervalos menores: as estações, os meses e semanas.
Na Europa, e Ásia o ano é dividido em quatro estações,
pois há quatro períodos com condições climáticas muito distintas, como o inverno
(frio), primavera (flores), verão (calor), outono (queda da folhas). Outros
povos dividiam o ano em outras estações. No Egito, por exemplo, as estações
eram: cheia, plantio e colheita. No Brasil, embora tradicionalmente se mencione
as quatro estações por cauda da herança da colonização européia, elas não são
tão distintas. As estações acontecem de forma diferente nos estados do norte e
do sul. Nos estados do sul é mais fácil dividir o ano em quatro estações, pois a
natureza apresenta as quatro predominâncias. Já nos estados do norte do Brasil é
mais fácil dividir o ano em duas estações, verão e inverno ou chuvas e seca,
pois este é o comportamento predominante da natureza na região
norte.
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Quais os climas predominantes na sua região? Que
estações existem durante o ano, na região onde você mora? |
Da nossa observação do cotidiano as estações são
variações climáticas que dependem da região do planeta em que estamos. Essas
variações vão desde frio intenso o ano todo (nas proximidades dos pólos) até
calor intenso o ano todo (nas proximidades da linha do equador).
8 O que provoca a diferenciação no clima? Que motivo leva o planeta a ter condições de temperatura tão diferentes |
As estações do ano
Muitos de nós aprendemos que a órbita da Terra (trajetória
em torno do Sol) é elíptica, mas se desenharmos corretamente essa órbita não
conseguiremos diferenciar a elipse de uma circunferência, ou seja, a órbita da
Terra ao redor do Sol é quase uma circunferência. Mas, por ter uma órbita
elíptica muitos acreditam que as estações ocorrem porque a Terra ora fica mais
próxima do Sol e ora mais afastada. Cuidado, as estações não acontecem por causa
disso! Se isso fosse verdade como se explica o fato do Natal ocorrer numa época
fria (até nevar) nos países do hemisfério norte e no Brasil ocorrer numa época
de muito calor? Será que metade da Terra está mais próxima do Sol e a outra
metade esta mais afastada? Isso não faz sentido, concorda? Se as estações
ocorressem pelo fato da órbita da Terra ser elíptica o comportamento climático
no planeta seria uniforme, ou seja, num mesmo mês o clima seria do mesmo jeito
em todo lugar, pois não há como partes, da Terra, estarem mais próximas ou mais
afastadas do Sol para produzir climas diferentes. No entanto, em cada região do
planeta as estações apresentam-se de formas diferentes, mesmo se forem
observadas na mesma data (Natal frio no hemisfério norte e quente no hemisfério
sul). Então vamos entender como ocorrem às estações.
Lembra-se de quando estudamos os dias e as noites e falamos
sobre o eixo da Terra? Pois é, ele é o responsável pelas estações do ano. A
ocorrência das estações do ano depende de duas propriedades do eixo da Terra:
primeira ele está inclinado com relação á órbita que a Terra faz ao redor do
Sol; segunda essa inclinação é sempre a mesma, ou seja, o eixo aponta sempre
para a mesma posição, lembre-se da estrela Polaris.
Observe a figura 15 e lembre-se da última prática com os
quatro habitantes. Retome a bola de isopor e a lâmpada. Faça novamente as
rotações da sua terra com os quatro habitantes e verifique quem recebe mais luz
em dezembro. Respeite a posição e inclinação da esfera de acordo com a figura
15. Veja que em junho o hemisfério norte tem os dias mais longos que as noites,
isso indica que o hemisfério norte recebe luz por mais tempo e conseqüentemente
mais calor, por isso em junho é verão no hemisfério norte. Colocando sua terra
nesta posição e rotacionando-a você perceberá que os habitantes 1 e 4
encontram-se nesta situação, o dia para eles é mais longo que para os habitantes
2 e 3.
Já no hemisfério sul, a linha que divide o dia da noite está
mais próxima do Sol que o eixo da Terra, isso indica que a maior parte do dia é
escuro, ou seja, o hemisfério sul recebe menos luz o que implica em menos calor,
portanto é inverno neste hemisfério. Está é a situação dos habitantes 2 e 3 da
sua terra. A figura 16 mostra melhor o detalhe.
Observe que seis meses depois, em dezembro, a situação está
invertida, a linha de divisão do dia e da noite está próxima do Sol no
hemisfério norte e por isso recebe menos calor o que produz o inverno. Já no
hemisfério sul é verão.
Figura 15 - Posições da Terra em relação ao Sol nos meses de
junho de dezembro. Observe que o eixo da Terra aponta sempre para a mesma
direção e que está inclinado. Veja também a divisão do dia com a noite em
relação ao eixo.
Durante o percurso que a Terra fez de um lado para outro do
Sol os habitantes que estão entre os trópicos tiveram pelo menos um dia de Sol
sobre suas cabeças ao meio dia. Os habitantes que estão entre os trópicos e os
pólos nunca têm o Sol sobre suas cabeças. Observando a figura 16 (ampliação da
Terra em relação à figura 15), pode-se ver que em junho é um habitante que
reside sobre o Trópico de Câncer que tem o Sol sobre sua cabeça ao meio dia e em
dezembro é um habitante do Trópico de Capricórnio que tem o Sol sobre sua
cabeça. Ainda assim fica uma pergunta: porque na região equatorial a temperatura
é quase sempre a mesma? Observe que nessa região a diferença entre a linha que
separa o dia da noite e o eixo da Terra são pequenas e por isso as variações de
quantidade de calor recebida é pequena, sendo assim a temperatura quase não
muda. Ao contrário, nos pólos a separação entre a linha de divisão do dia e da
noite e o eixo da Terra é grande (seis meses de Sol e seis meses de escuro),
então a variação de calor recebida nos pólos é grande alterando muito a
temperatura.
Figura 16 - Do lado esquerdo a Terra está sendo iluminada
pelo Sol em junho e por isso que está no Trópico de Câncer tem o Sol sobre sua
cabeça. Do lado direito ela está sendo iluminada em dezembro, então quem tem o
Sol sobre a cabeça é um habitante do Trópico de Capricórnio.
Figura 17 - A inclinação da Terra se mantém constante quando
caminha ao redor do Sol. Note que a incidência de luz muda nos pólos quando a
Terra está em junho ou em dezembro. Quando está em março e setembro é igual nos
dois hemisférios.
Usando a bola de isopor com a agulha e a lâmpada no centro
da sala, simule a órbita da Terra ao redor do Sol e verifique o que acontece em
cada estação de cada hemisfério. Não se esqueça de manter o eixo da Terra
(agulha) sempre com a mesma inclinação. Os desenhos das figuras 16 e 17 o
ajudarão. Siga o texto anterior novamente para saber o que acontece no inverno e
verão.
Observe que nas épocas de outono e primavera, a linha de
divisão do dia e da noite coincide com a direção do eixo da Terra e por isso os
dois hemisférios recebem a mesma quantidade de luz (calor). Acontece que um
hemisfério saiu do verão por isso entra no outono, ou seja, estava quente e
tende a esfriar, isso provoca alterações climáticas que induzem a natureza ao
comportamento típico de outono. O outro hemisfério sai do inverno, ou seja,
estava frio e tende a esquentar produzindo alterações climáticas típicas da
primavera.
É fácil percebermos que as estações do ano são trocadas de
um hemisfério para outro e as crianças sabem disso. Papai Noel usa agasalhos
pesados próprios para inverno com neve. Mas para nós não é verão no natal?
Lembrem-se, as histórias de Papai Noel vieram da Europa, que é no hemisfério
norte (inverno no natal), enquanto aqui é verão.
Outra maneira é observar as corridas de formula 1 pela
televisão. As corridas nunca acontecem onde é inverno e nós assistimos corridas
quase o ano todo. Elas começam no Brasil quando estamos no outono, ou seja,
antes do nosso inverno. Quando começa o nosso inverno elas passam para o
hemisfério norte que é quando eles estão no final da primavera e inicio do
verão. Preste atenção nos comentários feitos na TV: "está muito calor isso pode
prejudicar o rendimento do carro para a corrida"; muitas vezes esses comentários
são feitos e nós estamos sentido frio em casa. As corridas ficam na Europa e
América do Norte durante todo o verão do hemisfério norte (nosso inverno).
Quando o verão do hemisfério norte termina as corridas voltam para o hemisfério
sul, ou seja, as corridas de final de temporada são na África do Sul,
Austrália.
Sabemos que as estações do ano são diferentes em cada lugar.
Os habitantes do norte e nordeste do Brasil, por exemplo, não têm inverno com
temperaturas baixas, por estarem próximos do equador, o que eles têm é a época
das chuvas. Lá não há uma época específica para o aparecimento das flores ou
colheita dos frutos. Quando olhamos no calendário e constatamos que é época de
inverno, o que vemos nessas regiões é, por exemplo, os ipês todo coberto de
flores, as plantas rasteiras conhecidas como "flor de São João", presentes nas
fogueiras de festas juninas. Em maio e junho acontece a colheita do caqui, fruta
muito apreciada na região sudeste. Em pleno outono, quando algumas árvores
começam a perder as folhas, temos a florada da popular quaresmeira.
O que isso mostra? Mostra que as estações não ficam bem
definidas nas regiões equatoriais e tropicais. Observem num globo ou num mapa da
Terra as regiões do planeta que ficam entre os trópicos.
A maior parte do Brasil está nas regiões equatorial e
tropical, mas a maior parte da população do planeta está em regiões entre os
trópicos e os pólos, onde as estações adotam um comportamento diferente da que
conhecemos e são mais parecidas com os períodos mostrados no calendário.
Resumidamente podemos descrever as quatro estações nessas
regiões. O inverno é marcado pela presença da neve, de uma paisagem que mostra
árvores com aspecto de mortas e poucos animais. Na primavera essas árvores
parecem ressuscitar cobrindo-se de folhas e flores e uma intensa camada de
gramas e arbustos surge no solo como por encanto. Aves e animais que antes do
inverno tinham migrado para regiões mais quentes em busca de alimentos, agora
retornam para se alimentar da nova vegetação e procriar. No verão ocorre o
nascimento dos filhotes e as árvores frutíferas fornecem mais alimentos. No
outono os filhotes já estão crescidos, a disponibilidade de alimentos diminui,
as folhas das árvores começam a cair deixando as árvores quase nuas anunciando a
chegada de um novo inverno. É nesse período que muitos animais partem novamente
a procura de regiões mais quentes onde há mais alimentos, começando novamente os
ciclos das estações, nas regiões entre os trópicos e os pólos. Em muitos filmes
educativos como a série "Planeta Terra" é possível ver esses acontecimentos com
muita clareza.
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