O futuro da economia paraense aponta para a diversificação das atividades e diminuição da dependência das exportações de produtos primários, a partir de diversos empreendimentos de industrialização mineral em curso. Para superar os efeitos da crise econômica mundial, o Estado deve manter em alta a presença do setor público, por meio de investimentos em infra-estrutura, em especial as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), para manter uma tendência de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima da média nacional, que vem desde 2005, e continua nos indicadores já disponíveis para 2007 e 2008.
Essas informações foram transmitidas pelo secretário de Estado da Fazenda, José Raimundo Trindade, em entrevista coletiva para divulgar os números do PIB de 2006, calculado pela Secretaria de Estado de Planejamento, Orçamento e Finanças (Sepof), em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp).
De acordo com a pesquisa, o valor do PIB paraense naquele ano foi de R$ 44,376 bilhões, com taxa de crescimento de 7,11% em comparação com 2005 (R$ 39,150 bilhões). Com isso, o PIB do Pará teve a terceira maior variação real entre os Estados do Brasil. Este incremento foi superior à taxa do país, de 3,97%, e maior do que a da região Norte: 4,79%. O PIB do Pará representa 1,87% do PIB nacional, ocupando, com isso, a 13ª colocação entre as economias dos Estados.
Entretanto, com um PIB per capita de R$ 6.241, o Pará ocupa em 2006 apenas a 22ª posição no ranking dos Estados brasileiros quando se trata de renda individual. “Precisamos reconhecer que ainda temos no Pará 50% da população vivendo abaixo da linha de pobreza”, disse o secretário adjunto de Planejamento, Luiz Carlos Pies, que abriu a entrevista de divulgação dos números do PIB.
Grande parte desse resultado é decorrente do fluxo migratório atraído pelo perfil dos grandes projetos econômicos instalados no Estado, especialmente nos setores mineral e energético. Tanto que o PIB per capita do Pará é o último entre os Estados da região Norte, por causa da divisão entre o valor total do PIB e a população.
Industrialização - José Raimundo Trindade explicou que a política econômica do governo do Pará induz à diminuição da dependência das exportações primárias, de modo a tornar o Estado mais resistente às variações cambiais (da moeda) e do preço das commodities (minérios e produtos agrícolas cotados em bolsa). Trindade destacou a implantação de uma aciaria em Marabá pelo grupo Vale, com a conseqüente atração de novos empreendimentos industriais ao redor, como um exemplo de arranjo produtivo no setor mineral dos que tendem a se implantar no Pará.
Assim como em Marabá, há empreendimentos industriais na área da mineração de bauxita em Paragominas, para produção de alumina em Barcarena e outros com boa perspectiva de industrialização. Além disso, continua Trindade, é crescente a participação das indústrias de alimentos e bebidas e de transformação no perfil econômico do Estado. Outro exemplo de trabalho pela diversificação da economia paraense é o esforço da governadora Ana Júlia Carepa para atrair, da China, pelo menos um grande estaleiro naval para o Pará.
Por outro lado, o aumento da exigência, até internacional, por regulamentação da atividade madeireira tem comprimido a participação do setor agropecuário nos últimos anos. Por isso, disse Trindade, o programa Um bilhão de árvores para a Amazônia, do governo do Pará, tem importância não só ambiental, mas também econômica, ao propor o incentivo ao reflorestamento em lugar da atividade madeireira convencional
Luiz Carlos Pies, da Sepof, prevê a criação de novos arranjos produtivos locais, a partir da recuperação de áreas degradadas e do manejo sustentável das riquezas naturais, junto com o fortalecimento da agricultura familiar e o investimento em ciência e tecnologia, como instrumentos para melhorar o crescimento do PIB paraense nos próximos anos. “Sem falar no impacto dos investimentos em infra-estrutura, com as obras do PAC e do governo estadual”, destacou.
Metodologia - O PIB do Brasil e dos Estados é divulgado sempre com dois anos de atraso, por causa da metodologia empregada, que depende dos resultados de pesquisas estruturais do IBGE, tais como a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (Pnad) e a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF). O ano-base do cálculo do PIB é 2002, quando teve início a nova série de Contas Regionais. Nesta sexta-feira (14), as 27 unidades da Federação fizeram divulgação do PIB dos Estados.
O economista e titular da Sefa, José Raimundo Trindade, fez a divulgação do PIB acompanhado do secretário adjunto de Planejamento, Luiz Carlos Pies; do presidente do Idesp, Peter Toledo; do diretor de Estudos Socioeconômicos do Idesp, Cassiano Ribeiro; e do diretor do IBGE, Cláudio Biffi. O secretário de Planejamento, Orçamento e Finanças, José Júlio Ferreira Lima, está em Manaus acompanhando o governador em exercício, Odair Corrêa, na reunião do Fórum de Governadores da Amazônia.
No dia 18 de dezembro deste ano, a Sepof, junto com o Idesp e o IBGE, vão divulgar o PIB dos 143 municípios paraenses. A partir do próximo ano, o cálculo das estatísticas estaduais volta a ser responsabilidade exclusiva do Idesp, como acontecia antes da extinção do instituto.
Por Orlando Cardoso - Sepof