sábado, 30 de janeiro de 2010

Brasileiros não sabem como voltar de Machu Picchu

Com a certeza de que seriam resgatados, os brasileiros isolados em Aguas Calientes, povoado a 20km da cidade peruana de Machu Picchu, começaram a ter outra preocupação: como voltar para casa. Glauco Miguens, 40 anos, foi resgatado no último dos 93 helicópteros que pousaram em Aguas Calientes, na última quinta-feira (28/01), e está entre os turistas que não sabem como conseguirão retornar ao Brasil. Ele contou à noiva, Luciana Marques, 25, que pelo menos 100 brasileiros perderam as passagens e não puderam embarcar em Cuzco. "Só tem vaga em aviões para Brasília a partir de quarta-feira e, pelo que eles ficaram sabendo, além de terem que pagar taxa de embarque e uma multa, vão precisar arcar com os custos de hospedagem em Cuzco", afirmou Luciana.


O Itamaraty declarou nesta sexta-feira (29/01) que os brasileiros resgatados devem entrar em contato com o embaixador Jorge Taunay Filho. O diplomata pode ser encontrado na sala de crise do aeroporto de Cuzco. As autoridades consulares possuem uma verba emergencial para custear a hospedagem dos brasileiros resgatados em Aguas Calientes que ainda não tenham conseguido voltar ao Brasil.

A falta de dinheiro, usado para comprar água e comida enquanto o resgate não chegava, faz com que turistas não tenham como pagar novos bilhetes. "As passagens para o Brasil estão custando na faixa de US$ 1,5 mil. O que acontece com quem está sem grana e sem ter como voltar?", questiona Luciana. O noivo da jovem informou-lhe que, entre os turistas já resgatados, 20 moram em Brasília - parte deles havia chegado ao Peru pela Bolívia, o que aumentaria ainda mais o custo da viagem de volta.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, 80 pessoas que não têm condições de arcar com as passagens poderão voltar ao Brasil no avião Hércules C-130 da Força Aérea Brasileira (FAB). A aeronave foi enviada ontem ao Peru com 14t de alimentos para "atender a todos os necessitados, tanto brasileiros como os demais turistas e a população peruana afetada pelas chuvas". Se for necessário transportar mais brasileiros gratuitamente, o Itamaraty avaliará a possibilidade de outra aeronave da FAB resgatá-los.

O ministro peruano de Comércio Exterior e Turismo, Martín Pérez, confirmou que em torno de 1,4 mil turistas haviam sido retirados de Aguas Calientes até a noite de quinta-feira. Caso o clima fosse favorável, a expectativa era de que as cerca de 800 pessoas deveriam ser levadas a Cuzco. A operação, que contaria com 12 helicópteros - seis deles cedidos pela embaixada norte-americana -, estava marcada para a noite de ontem.

Inferno

Os mineiros Maurício Amorim, 42 anos, e Lussandra Drummond de Alvarenga, 34, viveram dias de "inferno" em Aguas Calientes. Ao retornarem das ruínas de Machu Picchu, ficaram retidos por horas. O casal se hospedou no Hotel Presidente, às margens do Rio Vilcanota (Urubamba), e acordou com as paredes do prédio tremendo. Parte da construção desabou. Os dois seguiram a pé rumo a Ollantaytambo. Foram 40km percorridos em 12 horas por uma trilha na mata. Maurício machucou a perna e emagreceu 4,5kg. A mulher teve indisposição estomacal e perdeu 3kg. Ambos chegaram ontem a Belo Horizonte.



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