A última vitória do brasileiro na Fórmula 1 marcou o fim da parceria vitoriosa com a McLaren e abrilhantou a despedida de Alain Prost
Depois de anos de intrigas, farpas, batidas e desavenças, o clima entre Ayrton Senna e Alain Prost estava bem mais leve naquele fim de semana. Afinal, quando o circo da Fórmula 1 tomou conta das ruas de Adelaide em novembro de 1993, o sentimento de despedida transcendia o fato de que o GP da Austrália encerrava a temporada. Havia mais significado histórico naquela corrida do que em muitas outras. Afinal, o título já havia sido liquidado em favor do francês com duas rodadas de antecedência, na etapa de Portugal – a mesma onde ele anunciou que se aposentaria ao fim do ano. Quase que simultaneamente, a Williams confirmava o que todos já esperavam: Senna seria seu substituto para 1994.
Depois que o campeonato foi matematicamente decidido, o brasileiro passou a competir mais relaxado, já vislumbrando a temporada seguinte. Chegou à Austrália com o moral alto, diante das boas atuações ao longo do ano e da vitória no GP anterior, no Japão. Mas Senna queria mais. Era sua despedida da McLaren, equipe que defendera por seis anos e pela qual conquistara seus três títulos mundiais. Se o desejo de Prost era sair ‘por cima’, competitivo e com o título no bolso, o do brasileiro se resumia a uma palavra: vencer.
A vitória no GP da Austrália de 1993 foi a 41ª e última de Ayrton Senna na Fórmula 1
Senna marcou a pole, sua única do ano, largando exatamente ao lado do francês. Ao longo das 79 voltas, o brasileiro bem que tentou, mas não conseguiu abrir muita vantagem sobre o tetracampeão.Da mesma forma, não foi incomodado por ele em momento algum.
Prost, por sua vez, precisou se esforçar para segurar um inspirado companheiro de equipe. Só teve sossego quando Damon Hill, numa tentativa de ultrapassá-lo, rodou na 55ª passagem. Mesmo assim, o inglês manteve a terceira posição até o fim da prova.
A bandeira quadriculada, agitada com estilo pelo diretor de prova, selou o resultado. Senna alcançava, naquele instante, sua 41ª e derradeira vitória na categoria, a 35ª ao volante de uma McLaren, com Alain Prost em segundo.
Ainda no parque fechado, o último encontro destes dois gênios na condição de pilotos de Fórmula 1 começou a se desenhar. Senna estendeu a mão e cumprimentou o velho rival, consciente do quanto um havia sido importante para a carreira do outro.
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