Aos 101 anos, comediante não resistiu a pneumonia; enterro será na cidade natal, Santa Maria Madalena.
Agência Estado |
Comediante morreu neste sábado, aos 101 anos |
Foto: Juan Guerra/AE |
Dercy durante o Tal Show Dercy Gonçalves, no último dia 14 de julho, no Bar do Nelson, em SP |
Segundo nota divulgada pelo Hospital São Lucas, em Copacabana, Dercy chegou à unidade com sinais de "uma pneumonia comunitária grave", que, segundo os médicos, evoluiu rapidamente para um quadro de "sepse pulmonar e insuficiência respiratória".
O prefeito de Santa Maria Madalena, Clementino da Conceição, declarou luto oficial de uma semana na cidade. O governador Sérgio Cabral e o prefeito do Rio, Cesar Maia, decretaram luto oficial no Estado do Rio e na capital em homenagem à atriz. Cesar Maia também afirmou no sábado que vai buscar um logradouro ou equipamento público para batizar com o nome da atriz.
Foto: Luciana Prezia/AE |
Dercy Gonçalves no sambódromo do Rio, durante o desfile das campeãs em 2005 |
Na segunda-feira, Dercy fez um talk show no Bar do Nelson, da empresária Lilian Gonçalves, em uma das comemorações de seus 101 anos. No bar, que fica no centro de São Paulo, ela contou ter 102 anos, mas, como seus pais demoraram a registrá-la, ficou com 101. A atriz incluiu na idade o período em que estava na barriga de sua mãe e pediu um bolo de 103 anos, porque queria "entrar para o Guinness Book".
Foto: Fabio Motta/AE |
Dercy em 2005, na comemoração dos cem anos da Avenida Rio Branco. Ela foi madrinha do aniversário |
Dercy começou a trabalhar muito cedo: foi bilheteira de cinema e ganhava dinheiro apresentando-se para hóspedes do pequeno hotel de sua cidade. Estreou pra valer em 1929, no elenco de uma Companhia Maria Castro. Fazia teatro itinerante pelo interior do País. Com um certo Eugênio Pascoal, compunha uma dupla batizada de "Os Pascoalinos".
Claro que se especializou na comédia e no improviso. Mas começou a se destacar de verdade no auge do teatro de revista brasileiro, nos anos 1930 e 1940. Em 1943, na companhia do empresário Walter Pinto, estrelou "Rei Momo na Guerra", de autoria de Freire Júnior e Assis Valente.
A partir da década de 1960, Dercy inicia uma série de espetáculos em que atuava sozinha. Nesses espetáculos, em que seguia viajando pelo Brasil, começou a introduzir monólogos nos quais contava casos de sua vida, já naquele estilo irreverente e desprovido de papas na língua. Nessa época, já atuara em uma dezena de filmes, especialmente as chanchadas e as comédias nacionais. Ao longo da vida, viria a atuar em 24 produções.
Na televisão, chegou a ser a atriz mais bem paga da TV Excelsior, em 1963. Entre 1966 e 1969, apresentou, na Rede Globo, um programa de auditório de muito sucesso - "Dercy de Verdade", que acabou saindo do ar por por causa da censura imposta pela ditadura militar. Reapareceu no final dos anos 1980, no corpo de jurados de Sílvio Santos.
No SBT, voltou a comandar um programa próprio, que teve curtíssima duração. Já idosa, dizendo-se vítima de um golpe que teria desfalcado suas finanças, retomou a carreira, já octogenária.
Em 1985, recebeu do Ministério da Cultura o Troféu Mambembe, numa categoria criada especificamente para homenageá-la: Melhor Personagem de Teatro. Seis anos depois, sua carreira virou samba-enredo no carnaval carioca. "Bravíssimo - Dercy Gonçalves, o retrato de um povo" foi o tema do primeiro desfile da Unidos do Viradouro entre as escolas doGrupo Especial. Dercy mostrou-se uma senhora de peito: aboletada no último carro, atravessou a avenida com os seios à mostra.
A polêmica e o escracho eram as marca de Dercy Gonçalves. Dizia não acreditar em santo e ter como religião a natureza: "Deus é um apelido. Para mim, ele não existe". Apesar disso, gostava de enaltecer a religiosidade da filha, Dercimar, e também o seu caráter: "A f.d.p. nunca me roubou".
www.cidadeverde.com/entretenimento_txt.php?id=20269
Nenhum comentário:
Postar um comentário