O brasileiro André Luiz Martins foi morto no domingo em West Yarmouth, nos EUA
Polícia diz que ele tinha cigarro que parecia ser de maconha.
A suspeita da polícia norte-americana, de que o brasileiro André Luiz Martins tinha drogas no momento em que foi baleado, na manhã de domingo (27), não justifica a ação que levou a sua morte, segundo o pai dele, Luiz Carlos Martins, policial militar da reserva.
“Eles podem dizer o que quiserem. Ainda que ele estivesse com maconha, nada justifica a ação deles. A polícia tem que cumprir a lei, tem que saber abordar. Havia várias formas de agir nesta situação sem tirar sua vida”, disse, de Cianorte (PR), onde mora, em entrevista ao G1.
André Luiz, de 25 anos, foi morto por um policial em West Yarmouth, na região de Cape Cod, no estado norte-americano de Massachusetts. As autoridades alegaram que ele tinha nas mãos na hora do incidente um cigarro que parecia ser de maconha.
Segundo a versão da polícia local, Martins, que trabalhava como pintor, estava em alta velocidade em uma zona residencial e teria tentado furar um bloqueio feito por dois policiais e jogado o carro em direção a um policial, e acabou sendo morto com um único tiro. Ao seu lado, estava sua mulher, Camila Campos, que teria saído do carro gritando, mas não se feriu.
“Não quero dizer que ele nunca tenha experimentado nenhuma droga, mas isso nunca foi motivo para uma ação brutal como a da polícia”, disse Luiz Carlos Martins. “Ele só não parou no bloqueio policial porque não tinha habilitação. Ele seria preso por estar ilegalmente no país. Ele poderia ser punido pela lei, se tivesse com drogas, mas não poderia ser morto desta forma”, disse.
Segundo ele, o corpo de André Luiz deve ser trazido ao Brasil para ser enterrado, e a comunidade brasileira está se reunindo para ajudar nisso e na defesa dele. “A comunidade brasileira onde ele vivia está se reunindo, ajudando a mostrar que ele era uma pessoa boa. O André era muito querido por todos”, disse.
O policial Christopher Van Ness, de 34 anos, teria sido o autor do tiro que atingiu Martins no coração e no pulmão e o matou, segundo Michael O'Keefe, promotor do distrito de Cape and Island.
De acordo com O'Keefe, o policial teria tentado parar Martins por excesso de velocidade. Ele teria acelerado, tentado dar dado meia volta e dirigido em direção ao carro do policial. Segundo o promotor, Martins teria, em sua mão, o que parecia ser um cigarro de maconha. Mas a investigação ainda vai mostrar se se tratava realmente de maconha e se ele havia fumado.
Uma amiga de Martins, Branca Neves, defendeu o brasileiro da acusação de que estaria com maconha no carro. Ela disse que ele era um trabalhador comum, e que a polícia pode estar querendo se defender ao acusá-lo de ter drogas com ele. “Eles estão tentando arrumar uma desculpa para o que fizeram, mas eles não tinham nenhum motivo para atirar nele”, disse em entrevista ao G1, por telefone.
Dona de uma loja que vende produtos brasileiros em West Yarmouth e de um portal para brasileiros na região, Neves disse que a morte de Martins abalou a comunidade de brasileiros que vive na região. “A gente sabe que a polícia não estava caçando brasileiros, mas muitos deles dirigem sem habilitação e estão assustados”, disse.
Neves contou que vive na cidade legalmente há 21 anos e que atua como uma “liderança”, agregando os brasileiros que vivem na região. “Sei de todas as fofocas da comunidade. Conheço todo mundo e sei que ele era uma boa pessoa, e que a polícia está querendo se defender por ter feito o que fez.”
Segundo ela, o fato de Martins ter fugido da polícia não pode ser usado como justificativa para o que a polícia fez. “Até americano corre da polícia quando está sem documento”, disse.
O pai de Martins disse que André tentou fugir da blitz porque morava ilegalmente nos EUA -tinha ido com visto de turista há sete anos, mas acabou ficando por lá para 'tentar uma vida melhor'- e também não tinha carteira de habilitação, segundo a TV Paranaense.
André tinha com Camila dois filhos, de 2 e 5 anos, ambos nascidos nos Estados Unidos. Depois do incidente, Camila foi para Boston, segundo Branca.
Cape Cod, área residencial e de veraneiro de alto padrão próximo a Boston, é uma região com alta concentração de brasileiros.
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL703683-5602,00.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário