Bloco adota resolução que exige governo de unidade nacional; Mugabe já havia rejeitado a proposta
Agências internacionais
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Mais cedo, George Charamba, porta-voz do presidente Robert Mugabe, do Zimbábue, já havia rejeitado essa proposta, que solucionou a crise política no Quênia. O governo sul-africano se ofereceu a Mugabe e ao líder da oposição, Morgan Tsvangirai, para mediar os contatos para que ambos negociem a formação de um governo de coalizão e iniciem um processo de transição política.
Mas o regime de Mugabe rechaçou a proposta. "O Quênia é o Quênia, e o Zimbábue é o Zimbábue. Nós temos nossa própria história de desenvolver um diálogo e resolver nossos problemas políticos no modo zimbabuano", disse George Charamba aos veículos de imprensa presentes na cúpula.
"A forma de resolver o problema é uma forma definida pelo povo do Zimbábue, livre de qualquer interferência externa. E é isso exatamente o que resolverá a questão", afirmou.
Charamba criticou os países ocidentais que conclamaram Mugabe a renunciar. "Eles podem ir para o diabo que os carregue. Eles podem ir para o diabo que os carregue um milhão de vezes. Eles não podem falar nada sobre a política zimbabuana, nada de nada", disse o porta-voz, acrescentando que Mugabe havia conquistado o mandato dos eleitores zimbabuanos.
"Não se passaram nem mesmo cinco dias, nem mesmo uma semana desde que o povo zimbabuano se manifestou novamente, e vocês já estão querendo que ele se afaste?", perguntou Charamba.
Condenação
"Na nossa visão, os representantes da crise atual do Zimbábue devem ser excluídos da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) e dos encontros da União Africana", disse em seu discurso o vice-presidente de Botsuana, Mompati Merafhe, que apareceu como a mais dura condenação de um vizinho do Zimbábue.
Botswana disse que a participação de Mugabe nos encontros "poderia dar uma legitimidade não qualificada em um processo que não pode ser considerado válido". Merafhe acrescentou ainda que governo e oposição devem ser igualmente tratados em qualquer mediação.
Arte/Portal
Acordo de Mbeki
O partido de Tsvangirai, o Movimento para a Mudança Democrática (MMD), negou as informações de que o presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, estaria perto de conseguir um acordo entre Mugabe e a oposição por um governo de unidade.
Tsvangirai deixou nesta terça-feira a embaixada da Holanda na capital do país, Harare, onde estava refugiado desde a semana passada, segundo diplomatas holandeses.
'Lições de democracia'
Ainda nesta terça, Mugabe disse que não recebe "lições de democracia" de nenhum país, em seu discurso na cúpula UA, disseram à Agência Efe fontes diplomáticas presentes na reunião.
De acordo com fontes que pediram anonimato, Mugabe fez um discurso "muito enfadado" de cerca de 40 minutos diante dos chefes de Estado presentes na reunião. O presidente zimbabuano rebateu as críticas da Nigéria e da Botswana.
A Nigéria havia declarado que, para uma negociação, deve-se tratar do que aconteceu nos comícios presidenciais.
Reação da UE
A União Européia aceitará apenas um governo no Zimbábue liderado por Tsvangirai, disse o ministro do Exterior francês Bernard Kouchner, cujo país assumiu a presidência do bloco nesta terça. "A União Européia não aceitará nenhum governo a não ser o liderado por Tsvangirai", declarou Kouchner à emissora França 2.
www.estadao.com.br/internacional/not_int198784,0.htm
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