terça-feira, 17 de novembro de 2009

O problema invisível

Envie um e-mail para mim!




Um dia depois de os dirigentes de países como os Estados Unidos terem adiado a definição do novo acordo climático, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) deu início ontem, em Roma, a mais uma reunião de cúpula para tratar do combate à fome num ambiente de absoluta frustração. Como ressaltou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro dia de trabalhos, esvaziado pela ausência de líderes influentes de países ricos, o combate a essa chaga está ligado a ações na área ambiental, adiadas mais uma vez. O desinteresse pela questão se deve ao fato de essa chaga continuar à margem da ação dos governantes, para quem “é como se a fome fosse invisível”, justificou o presidente da República.

Como advertiu também o dirigente brasileiro, os países desenvolvidos não hesitaram em carrear centenas de bilhões de dólares para salvar bancos falidos em consequência de um colapso causado pela especulação desenfreada e pela fiscalização do sistema. Bastaria metade desse montante para erradicar a desnutrição no mundo. Ainda assim, não há país que se habilite a esse tipo de ajuda.

A erradicação da fome global é uma das chamadas Metas do Milênio, que deveria estar contando neste momento com um apoio efetivo à causa e monitoramento rígido do cumprimento dos cronogramas preestabelecidos. Ainda assim, a própria FAO estima que a deterioração na área social provocada pela crise econômica tenha levado o número de subnutridos no mundo a superar o bilhão – o pior nível desde os anos 1970.

Internamente, como lembrou em Roma o presidente brasileiro, o país vem procurando agir, como ocorre no caso do Bolsa-Família, com todas as restrições que possa haver em decorrência de seu caráter assistencialista. Tais programas, porém, precisam ser complementados com providências que ofereçam às pessoas contempladas portas de saída e oportunidades de subsistência por conta própria. E é importante que, mesmo relegado a um segundo plano pelo seu caráter de invisibilidade, o problema possa sensibilizar também os países desenvolvidos, para os quais a fome parecerá sempre uma questão distante.









http://zerohora.clicrbs.com.br












Nenhum comentário:

Google