FÁBIO AMATO
da Agência Folha, em São José dos Campos
Um estudo realizado pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) indica que o rio Amazonas é 140 km mais extenso do que o Nilo e, portanto, o maior rio do mundo. A pesquisa foi a primeira a utilizar imagens de satélite para medir ambos os rios e deve colocar um ponto final na discussão sobre qual é o maior curso de água do planeta.
De acordo com o estudo, o Amazonas tem 6.992,06 quilômetros, contra 6.852,15 do Nilo. Até então, o rio africano era descrito e considerado internacionalmente o rio mais longo do mundo. Segundo o Atlas Geográfico Mundial, a extensão do Nilo é de 6.695 quilômetros. O Amazonas aparece na segunda posição, com 6.515.
Heloísa Lupinacci/Folha Imagem |
Pesquisa do Inpe indica que o Amazonas (foto), e não o Nilo, é o maior rio do mundo; estudo afirma que o Amazonas tem 6.992,06 km |
O coordenador do trabalho, o geólogo Paulo Roberto Martini, 60, disse que as medições anteriores foram feitas sem o uso de metodologias científicas e, portanto, eram imprecisas. Para ele, o resultado do estudo "quebrou um paradigma".
"Esse resultado mostra que, às vezes, as verdades mais bem estabelecidas têm de ser revistas porque podem simplesmente não ser verdade", disse.
"Pelo menos desta vez não temos "acho". Temos [um estudo feito com] metodologia científica e, por essa leitura, por essa interpretação, você pode colocar nos livros que o Amazonas é maior do que o Nilo."
A determinação das extensões do Amazonas e do Nilo nasceu de um trabalho iniciado na metade da década de 1990, do qual o Inpe participou, que estudou a erosão ao longo do rio sul-americano. O resultado, segundo Martini, apontou que 95% dos sedimentos (terra) despejados pelo Amazonas no oceano Atlântico vinham dos Andes peruanos.
Traçado eletrônico
Para definir o tamanho dos dois rios, foram utilizadas imagens dos satélites norte-americanos Landsat distribuídas pela Nasa (a agência espacial dos EUA). Os pesquisadores marcaram o traçado dos dois rios e, em seguida, com a ajuda de um programa de computador, calcularam a extensão desde a nascente até a foz.
O Amazonas, segundo o estudo, tem origem na nascente do rio Apurímac, localizada no alto da parte ocidental da cordilheira dos Andes, no sul do Peru. De lá até a foz, no oceano Atlântico, são 6.992,06 km.
Já a origem do Nilo é a nascente do rio Kagera, que fica numa região próxima à divisa entre o Burundi e Ruanda, na África. Desse ponto até a foz, no mar Mediterrâneo, são 6.852,15 quilômetros.
O estudo é assinado também por Valdete Duarte e Egídio Arai, do Inpe, e Janary Alves de Moraes, membro de uma ONG que colaborou com o estudo. Ele morreu em junho de 2006, durante uma expedição até a nascente do rio Apurímac.
www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u418765.shtml
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