Brasilianistas dizem que democrata teria uma política mais aberta a acordos bilaterais.
O republicano poderia ser mais vantajoso para a economia brasileira.
A vitória de qualquer um dos dois candidatos à Presidência dos Estados Unidos, nas eleições de novembro, traria diferentes vantagens para a relação do Brasil com a maior potência do mundo, segundo a avaliação de pesquisadores ouvidos pelo G1. Segundo três brasilianistas, tanto o democrata Barack Obama quanto o republicano John McCain melhorariam a política de relações exteriores, trazendo benefícios para o Brasil.
A conquista da Casa Branca pelos democratas, com um governo de Barack Obama, que aparece à frente nas primeiras pesquisas de intenção de voto, mudaria o perfil de todas as relações internacionais dos Estados Unidos, segundo John Crocitti, professor de história da América Latina na Universidade Mesa, da Califórnia, especializado em Brasil.
“Obama parece mais disposto a negociar, encontrar os líderes e grupos que normalmente não têm apoio dos EUA. Ele teria uma posição mais suave em relação a Cuba, a Chávez, Morales. Nesta situação, acho que Obama melhoraria as relações dos EUA com o Brasil, sem obrigar este importante aliado a ter nenhuma postura especifica, mas poderia negociar mais acordos, o que seria bom para os dois países. Acho que Obama seria melhor para o Brasil”, disse, em entrevista ao G1.
“A expectativa criada por todo o mundo em torno de Obama vai acabar forçando seu governo a ter uma postura mais liberal, de esquerda, por mais que esta não seja necessariamente sua proposta. McCain não vai aceitar nenhum tipo de pressão, e quando ela acontecer, ele deve reagir de forma militar.”
A opinião dele vai de acordo com a do vice-presidente do instituto Diálogo Interamericano, Michael Shifter, especializado em política de relações exteriores e relações entre os Estados Unidos e a América Latina. Segundo Shifte, Obama é um rosto novo, que traria mudanças para a política norte-americana, dando motivos para empolgação de brasileiros com sua eleição.
“Obama tem o potencial de mudar a relação com o Brasil, ao contrário de Mccain, que é um político de ação mais tradicional. Não acho que haja motivos para acreditar que, agora, ele entenda bem o Brasil, já que a América Latina não é o foco atual dos EUA, mas o Brasil pode ficar feliz com uma visão política mais aberta de Obama de que de McCain”, disse Shifter, em entrevista ao G1, por telefone.
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“Obama teria um olhar mais aberto para fora dos Estados Unidos”, disse Crocitti. “Ele estará aberto aos latinos, aos africanos, aos europeus, mas sem comprometer os interesses dos Estados Unidos. Vai ser uma mudança de forma, em vez de se impor pela força, Obama vai tentar formar mais alianças multilaterais, sem necessidade de força militar. Ele não vai ser uma salvador do mundo, mas vai dar uma nova cara às relações internacionais dos EUA.”
A principal vantagem para o Brasil de uma vitória de McCain estaria na economia, segundo Susan Kaufman Purcell, diretora do Centro de Políticas Hemisféricas da Universidade de Miami. “Em termos de políticas concretas, McCain parece ser melhor para os interesses do Brasil em relação à política do etanol. Ele falou contra os impostos norte-americanos e contra os subsídios ao etanol de milho no país. As duas posturas são boas para a economia brasileira”, disse, em entrevista ao G1.
Segundo ela, Obama não pode fazer este tipo de promessa que traria vantagens para a economia brasileira para não comprometer seu eleitorado em estados-chaves.
“As pessoas estão mais empolgadas com a candidatura de Obama por muitas razões, incluindo sua personalidade e carisma. As pessoas projetam nele seus desejos de liderança, se identificam com ele. Além disso, há um grande cansaço relacionado ao governo Bush”, disse.
Para Shifter, entretanto, é difícil garantir esta postura de um possível governo do republicano, já que há muita pressão interna no país em relação à postura do governo quanto à globalização e ao livre mercado.
“Tomaria cuidado em apostar numa mente mais aberta de McCain em relação ao livre comércio. Os EUA estão muito ansiosos com esta questão, e não é apenas entre os democratas que há uma tendência protecionista. O próprio Obama tem mudado de discurso e soado menos protecionista recentemente, para poder lutar pela Presidência. Ele sabe que precisa assumir sua responsabilidade global, menos populista que seu discurso tradicional”, disse.
http://g1.globo.com/Noticias/0,,MUL641477-15525,00-OBAMA+E+MCCAIN+TRARIAM+VANTAGENS+PARA
+O+BRASIL+DIZEM+PESQUISADORES.html
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