Agência Estado
Por Anne Warth e Rodrigo Petry
São Paulo - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje que a remuneração da poupança terá de ser revista para evitar que haja uma "revoada" de recursos aplicados em fundos de investimento para a caderneta. Com a continuidade do movimento de queda da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 11,25% ao ano, a poupança, cujo rendimento é previsto em lei, pode apresentar uma rentabilidade maior e tende a se tornar mais atrativa que outras aplicações.
A exemplo do que disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Mantega ressaltou que os pequenos poupadores não serão prejudicados pelas mudanças. Ele não deu prazo para que as alterações aconteçam. Há expectativa no mercado de que os acertos ocorram nas próximas semanas.
"Certamente nós não vamos prejudicar os poupadores. A caderneta é uma instituição nacional da maior importância. Ela protege o aplicador e ele continuará protegido. Mas nós vamos fazer uma adaptação às novas condições do mercado", disse o ministro, durante anúncio de redução das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre produtos da linha branca (geladeiras, fogões e lavadoras).
"Nós estamos em um momento hoje em que os juros estão caindo. A Selic está caindo e os rendimentos das aplicações estão caindo. Nós temos de ter um equilíbrio entre as aplicações e os ativos. Vamos proteger os aplicadores de menor renda, mas evidentemente não podemos permitir que, daqui a pouco, haja um fluxo de grandes investidores saindo de outros ativos para a caderneta de poupança em busca de um rendimento maior", acrescentou.
Segundo Mantega, mais de 90% das cadernetas de poupança possuem um saldo inferior a R$ 20 mil. "A caderneta foi feita para proteger o pequeno investidor. Aquele que tem lá R$ 2 mil, R$ 3 mil, R$ 5 mil, R$ 10 mil, R$ 15 mil. Esses serão absolutamente resguardados e protegidos", ressaltou. "Tem de haver uma adaptação. O governo está trabalhando nisso e ainda não temos uma posição definitiva", reiterou.
O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, admitiu a necessidade de alterações no rendimento da poupança, mas disse que os trabalhadores não podem ser prejudicados. "Nós não aceitaremos nada que penalize esse trabalhador. Também não queremos que esse pessoal que sempre ganhou dinheiro na especulação continue especulando com a poupança. Dinheiro é para pôr na produção, não na especulação", afirmou.
Paulinho sugeriu a criação de regras que impeçam e penalizem a migração de grandes volumes para a poupança. "Pode-se criar, por exemplo, um imposto para quem vem com muito dinheiro para a poupança", declarou.
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