sábado, 11 de abril de 2009

Vaticano critica campanha 'Deus não existe' na Europa







Ônibus circula com o slogan 'Provavelmente Deus não existe. Então pare de se preocupar e aproveite a vida'

Efe


Reprodução/BHA

Ônibus passa por rua de Londres com o slogan da campanha ateísta

CIDADE DO VATICANO - O papa Bento XVI celebrou nesta sexta-feira, 10, a Paixão de Cristo no Vaticano, quando foi feita a denúncia de que a campanha publicitária ateia 'Provavelmente Deus não existe. Então, pare de se preocupar e aproveite a vida'. A campanha é feita pela British Humanist Association (Associação Humanista Britânica, em tradução livre) e se traduz em um dos desafios, "talvez o mais aberto", já conhecido contra a fé.

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A denúncia foi feita pelo Pregador da Casa Pontifícia, o franciscano Raniero Cantalamessa, que, na presença do papa e de milhares de pessoas que foram à basílica de São Pedro para assistir as celebrações da Sexta-Feira Santa, disse que os cristãos deveriam agradecer ao promotor da campanha, "já que serviu à causa de Deus mais que muitos dos nossos argumentos apologéticos". "(A campanha) mostrou a pobreza de suas razões e contribuiu para sacudir muitas consciências adormecidas", acrescentou.

Cantalamessa falou que o maior efeito do slogan dessa campanha, exposta em ônibus urbanos de Madri, Barcelona, Londres e outras cidades europeias não está na premissa de que "Deus não existe", mas sim na conclusão "aproveite a vida".

"Se subentende a mensagem de que a fé em Deus impede o desfrutar da vida, que é inimiga da alegria e que sem ela haveria mais felicidade no mundo", explicou o pregador, que acrescentou que o apóstolo Paulo dá uma resposta a esse desafio explicando a origem e o sentido de todo o sofrimento a partir de Cristo. A este respeito, manifestou que Cristo, revelando a verdade de Deus, "provoca as forças do mal e estas levaram a sua rejeição e eliminação".

Cantalamessa lembrou que nos países da antiga fé cristã a ideia de sofrimento e da cruz se associa sempre ao do sacrifício e da penitencia, "e isso provocou na atualidade a rejeição de toda a ideia de sacrifico oferecido por Deus e mesmo a ideia de Deus". O pregador afirmou que Jesus Cristo não veio para aumentar o sofrimento humano ou para pregar a resignação a isto, sim para dar um sentido e anunciar a superação.

Em suas críticas ao slogan, Cantalamessa acrescentou que essa publicidade também é vista por pais com filhos doentes, pessoas sozinhas, desempregadas, exilados que fogem dos horrores da guerra, quem sofreu grandes injustiças na vida, e que tenta imaginar a reação dessas pessoas ao ler "Provavelmente Deus não existe, aproveite a vida". "Com o que?", se perguntou o franciscano. Ele continuou e disse que o ateísmo "é um luxo que se podem permitir só os privilegiados da vida, os que têm tudo, incluindo a possibilidade de dedicar-se aos estudos e a pesquisa"

Crise e terremoto

Cantalamessa se referiu também à crise econômica e denunciou a avareza insaciável, que qualificou de



"idolatria" e a desenfreada cobiça do dinheiro como a "raiz de todos os males". Segundo o franciscano a "sede insaciável de alguns" levou muitas famílias pequenas à miséria e deixou massas de trabalhadores sem emprego. "A elite financeira e econômica mundial se converteu na locomotora enlouquecida que avança desenfreadamente, sem se preocupar com o resto do trem, que está preso nos trilhos. Fomos todos na contramão", avisou.

Também se referiu ao terremoto que atingiu a região italiana de Abruzos, onde fica Áquila - a que mais sofreu danos -, e deixou mais 280 mortos. O pregador falou que algumas construtoras fizeram edifícios sobre areia em vez de cimento.

A cruz coberta com um pano vermelho, colocada em um altar maior da basílica de São Pedro, presidiu à cerimônia solene da missa de Sexta-Feira Santa, durante a qual Bento XVI, descalço, orou de joelhos durante vários minutos em frente a cruz.



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