terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Divergências da região ibero-americana sobre Honduras continuam após cúpula

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Da EFE



Carmen Jiménez.

Estoril (Portugal), 1 dez (EFE).- A 19ª Cúpula Ibero-Americana não conseguiu uma posição comum sobre Honduras devido à divisão entre as nações da região sobre a legitimidade do pleito, embora tenha declarado apoio a um comunicado de Portugal, o país anfitrião.

O texto da Presidência portuguesa da cúpula não avalia, no entanto, o processo eleitoral em Honduras e apenas menciona a sua realização no domingo passado.

O reconhecimento ou não dessas eleições e de seu vencedor, o conservador Porfirio Lobo, foi o tema que capturou todas as atenções dos debates na cúpula, que terminou hoje no Estoril depois de ter sido convocada sob o lema "Inovação e Conhecimento".

Embora os líderes tenham conseguido fazer uma declaração, os esforços não prosperaram diante das divergências existentes entre os países que não reconhecem o pleito porque o presidente deposto Manuel Zelaya não foi restituído previamente e os que, como Panamá e Colômbia, apoiaram e já reconheceram os resultados.

A forma escolhida para apresentar este tema ao término da cúpula foi um comunicado especial da Presidência portuguesa, que condena o golpe e apoia a restituição de Zelaya no poder "até completar seu mandato constitucional".

O documento também considera como inaceitáveis as "graves violações dos direitos e liberdades fundamentais do povo hondurenho" e faz um chamado para o fim da "fustigação à sede diplomática do Brasil em Tegucigalpa", onde Zelaya está refugiado desde setembro passado.

O texto ainda diz que os líderes ibero-americanos continuarão contribuindo "ativamente para a busca de uma solução que permita a abertura de um diálogo nacional em Honduras e para devolver o regime democrático ao povo hondurenho".

Segundo o presidente do Governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, a comunidade ibero-americana compartilha quatro princípios básicos: a condenação do golpe de Estado contra Zelaya, a urgência de restabelecer a institucionalidade democrática, a constatação que houve um processo eleitoral e a necessidade de promover um acordo nacional.

A declaração foi aprovada pelos 22 países participantes da cúpula, incluindo pela chanceler do Governo deposto de Honduras, Patricia Rodas, que liderou a representação de seu país no Estoril e agradeceu o comunicado da Presidência.

Entretanto, Rodas denunciou que não foi possível alcançar o consenso na cúpula devido à postura de uma "minoria de países", os quais não mencionou explicitamente, que "decidiram começar um processo de reconhecer as eleições em aliança com Washington, de quem têm uma profunda dependência".

Panamá e Colômbia já reconheceram o processo eleitoral e seus resultados, enquanto o presidente da Costa Rica, Oscar Arias, expressou sua intenção de convencer os outros líderes ibero-americanos sobre a conveniência de fazê-lo.

O presidente colombiano, Álvaro Uribe, disse durante a cúpula que o processo eleitoral é "não objetável" e anunciou que reconhecerá o novo Governo, enquanto o presidente do Panamá, Ricardo Martinelli, foi o primeiro a parabenizar Porfirio Lobo por sua vitória nas eleições.

A chanceler do Governo deposto de Honduras defendeu suas posições em entrevista coletiva na qual leu um comunicado dos países da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba), formada entre outros por Equador, Venezuela, Cuba, Bolívia e Nicarágua, no qual declaram que não reconhecem as eleições "ilegais e ilegítimas" em Honduras.

Quem também se manteve firme em sua posição de não reconhecer o processo eleitoral foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o qual afirmou que também não pretende ter nenhum contato com Lobo.

A cúpula "não foi convocada para discutir sobre Honduras" e, se assim fosse, "não teria vindo", declarou Lula, ao considerar que a posição de cada um dos líderes ibero-americanos sobre as eleições não mudou e que cada um sai do Estoril "igual a quando chegou". EFE



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