EPA Os líderes independentistas estão satisfeitos com a resolução, mas cabe agora ao Presidente russo uma decisão final
A Duma, câmara baixa do Parlamento russo, juntou-se à câmara alta na decisão de levar ao Presidente russo uma proposta para o reconhecimento da independência da Ossétia do Sul e da Abecásia. Apesar da decisão por unanimidade nos dois órgãos, a decisão final está agora dependente do 'sim' de Dmitri Medvedev.
Após ter sido aprovado por unanimidade pela câmara alta do Parlamento russo, o projecto que estabelece a independência dos territórios da Ossétia do Sul e da Abecásia desceu horas depois à câmara baixa do Parlamento, a Duma, recolhendo igualmente a unanimidade dos votos.
O Parlamento aprovou a declaração de independência com 447 votos a favor.
A votação da Duma, que não oferecia surpresas, uma vez que levava já a chancela do grupo Rússia Unida, que reúne a larga maioria daquele órgão, não é contudo vinculativa e coloca nas mãos do Presidente Medvedev o 'sim' ao imediato reconhecimento das duas repúblicas do Cáucaso como estados independentes.
"É agora possível declarar de forma clara que o ponto final desses anos de confrontação não pode ser outra coisa que não o reconhecimento jurídico da independência das repúblicas, de facto independentes, da Abecásia e da Ossétia do Sul", declarava antes do escrutínio parlamentar Tatiana Iakovleva, dirigente do grupo Rússia Unida.
De acordo com Tatiana Iakovleva, a preocupação de Moscovo deverá voltar-se agora para os territórios que não desejam converter-se numa colónia norte-americana, uma vez que - afirmou - o Presidente georgiano Mikhail Saakachvili "tem como objectivo fazer da Geórgia um 51.º Estado norte-americano".
Senadores iniciaram o processo
A decisão de reconhecer as duas repúblicas separatistas já havia sido apreciada pela câmara alta do Parlamento, também designada por Conselho da Federação, tendo sido aprovada com a unanimidade dos 130 senadores.
A decisão de reconhecer as duas repúblicas separatistas já havia sido apreciada pela câmara alta do Parlamento, também designada por Conselho da Federação, tendo sido aprovada com a unanimidade dos 130 senadores.
A declaração adoptada nos dois órgãos parlamentares faz um apelo ao Presidente Dmitri Medvedev para que reconheça a independência dos territórios, de facto separados da Geórgia desde as guerras de 1990 com esta república. A situação tem desde então sido garantida com o apoio político, financeiro e militar de Moscovo.
"A Rússia respeitou durante 15 anos a integridade territorial da Geórgia. Hoje, depois da agressão da Geórgia contra a Ossétia do Sul, as relações não voltarão a ser as mesmas", afirmou o presidente do Conselho da Federação, Serguei Mironov, no arranque da sessão extraordinária que teve honras de transmissão televisiva.
Decisão pode agravar ainda mais as relações entre Moscovo e o Ocidente
A União Europeia vai discutir o futuro das relações com a Rússia e o auxílio à Geórgia no dia 1 de Setembro, data estabelecida pelo Presidente francês Nicolas Sarkozy para a Cimeira Europeia extraordinária sobre a crise do Cáucaso.
A União Europeia vai discutir o futuro das relações com a Rússia e o auxílio à Geórgia no dia 1 de Setembro, data estabelecida pelo Presidente francês Nicolas Sarkozy para a Cimeira Europeia extraordinária sobre a crise do Cáucaso.
Nicolas Sarkozy, presidente em exercício da União Europeia, tomou a decisão na sequência dos pedidos de vários Estados-membros da União, preocupados com o incumprimento do cessar-fogo na região do Cáucaso.
Um dos pontos que têm merecido atenção particular de Paris é a presença militar russa no Porto de Poti, no Mar Negro. A França exige a retirada do contingente, afirmando que se trata de um dos pontos do acordo assinado entre o Kremlin e a Geórgia.
O porta-voz do Ministério francês dos Negócios Estrangeiros declarou hoje que Paris continua a "insistir junto das autoridades russas relativamente à importância de uma retirada rápida dos militares que ocupam posições no eixo Poti-Senaki, na zona adjacente à Abecásia".
As palavras de Frédéric Desagneaux não estão contudo a ter eco por parte de Moscovo, que fez saber que pretende continuar a controlar o porto, nomeadamente prosseguindo na inspecção de todos os carregamentos que entrarem e saírem de Poti.
Paulo Alexandre Amaral, RTP
ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=360332&visual=26
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