quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Michael Phelps, “billion dollar baby”












David Gray/Reuters
Todos querem uma fatia de Phelps, que vale milhões no mercado publicitário



Reuters, PÚBLICO
A grande figura dos Jogos Olímpicos de Pequim não tem nenhuma final para nadar hoje, o que deixa feliz todos os outros nadadores em prova, porque significa que eles ainda têm hipóteses de ganhar qualquer coisa. Mas mesmo fora de água, Michael Phelps continua a valer ouro.









O seu peso em ouro vale três milhões de dólares (2,01 milhões de euros). Na realidade, depois dos Jogos de Pequim, Michael Phelps é bem capaz de valer dez vezes esse valor por ano. Peritos em marketing dizem que o nadador norte-americano de 23 anos, que se tornou ontem no campeão dos campeões olímpicos – com 11 medalhas de ouro, algo que mais ninguém conseguiu em mais de 100 anos de história olímpica –, vai transformar-se também no nadador profissional mais bem pago de sempre, ultrapassando também aí o antigo campeão da natação dos Estados Unidos, Mark Spitz.








“Phelps é o melhor olímpico do mundo e pode ganhar dinheiro onde quiser porque também é uma marca global”, diz Max Markson, agente de celebridades, em declarações à Reuters. “Ele vale milhares de milhões. Não precisa de preocupar-se com um emprego, porque pode viver disto nos próximos 50 anos”, afirma Markson, que trabalha na Austrália.








O desporto olímpico é sinónimo de grandes negócios desde que, na década de 1980, o movimento olímpico autorizou a entrada dos atletas profissionais na competição. Mas nenhum atleta desses conseguiu até agora amealhar as somas ganhas por estrelas carismáticas do desporto como o golfista Tiger Woods, o futebolista David Beckham ou o antigo líder dos Chicago Bulls, Michael Jordan. Nomes que põem as caixas registadoras a cantar em todo o mundo, porque são conhecidos em todo o lado.








Eli Portnoy, gestor de marcas e presidente do Portnoy Group, uma consultora norte-americana especializada em marcas, duvida que Phelps – ou qualquer outro olímpico – ultrapasse a capacidade de gerar receitas de Tiger Woods. Há quem preveja que Woods se torne em 2010 no primeiro desportista multimilionário.








Phelps ganha por ano cinco milhões de dólares (3,35 milhões de euros) em apoios e patrocínios, segundo números publicados pela imprensa. Um valor que a sua agência, a Octagon, não comenta. Mas segundo a consultora de Eli Portnoy, os cinco milhões de Phelps devem crescer para 30 milhões (20,11 milhões de euros) no curto prazo. “De momento, no calor dos Jogos de Pequim, pode parecer que o poder comercial de Phelps é ilimitado, mas não é possível compará-lo a alguém como Tiger Woods, que anda há anos a competir e mantém a liderança a nível mundial”, aponta Portnoy.








“Os Jogos Olímpicos acontecem de quatro em quatro anos. Um ano depois, os americanos esquecem-se dos olímpicos e agarram-se àqueles atletas que vêem no dia-a-dia. E são esses que os miúdos querem encontrar dentro das caixas de cereais ao pequeno-almoço.”








Profissional aos 16, milionário aos 18








Phelps é também o exemplo perfeito do poderio do marketing norte-americano dos tempos modernos, que começou a fazer render o peixe antes mesmo de o “Baltimore Kid” igualar o recorde de nove medalhas de ouro e juntar o seu nome à lista onde já figuravam Carl Lewis, Mark Spitz, Paavo Nurmi e Larysa Latynina. Nomes que entretanto ficaram para trás, depois das duas vitórias obtidas ontem pelo nadador, que ultrapassou as nove medalhas e destacou-se na história dos Jogos Olímpicos da Era Moderna.








Phelps profissionalizou-se aos 16 e dois anos depois tornou-se milionário. À sua volta gira uma imensa equipa de patrocinadores, agentes, advogados, contabilistas e outros profissionais para assegurar todo o tipo de serviços. Tem um site próprio, actualmente com duas versões, em inglês e chinês, e um logótipo próprio, com um M azul e um P vermelho ondulado.








Um porta-voz da Octagon, citado pela Reuters, revela que os seus patrocinadores incluem marcas e empresas mundialmente conhecidas como a Visa, Speedo, Kellogg’s ou a AT&T Wireless.








Todos querem uma fatia de Phelps








Poucos segundos depois de Phelps ter ganho a 10.ª medalha de ouro em Pequim – que lhe garantiu o estatuto de campeão dos campeões olímpicos – a Visa pôs no ar um anúncio televisivo que comemorava esse estatuto. “Temos que estar atentos e associarmo-nos rapidamente ao activo, à marca Michael Phelps”, explica Michael Lynch, gestor de marketing daquela empresa de cartões de crédito, cuja ligação a Phelps começou em 2002.








“A sua performance também nos beneficia porque vai acrescentar visibilidade à nossa marca. E o poder comercial de Phelps vai crescer, sem dúvida”, acrescenta.








Para Portnoy, a juventude de Phelps e a sua atitude quando está debaixo de uma enorme pressão transformou o atleta dos EUA no sonho de qualquer marketeer. Mas, não há bela sem senão e a única “nódoa” no currículo de Phelps é uma detenção policial de que foi alvo, em 2004, por condução sob efeito de álcool. Uma falha pela qual o nadador pediu desculpa publicamente.








“No curto prazo, Phelps é uma mina de ouro porque representa tudo o que é puro, jovem, forte e visionário para a América. Não tínhamos ninguém assim com esta importância desde Mark Spitz”, defende Portnoy. “É garantido que muitos gestores de marketing vão querer uma fatia de Phelps, mesmo que não faça sentido e vai ser interessante acompanhar e perceber como é que a sua equipa vai lidar com esse interesse do mercado. Será que vão tornar-se gananciosos?”







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