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Da EFE
Carmen Jiménez.
Estoril (Portugal), 1 dez (EFE).- A 19ª Cúpula Ibero-Americana
não conseguiu uma posição comum sobre Honduras devido à divisão
entre as nações da região sobre a legitimidade do pleito, embora
tenha declarado apoio a um comunicado de Portugal, o país anfitrião.
O texto da Presidência portuguesa da cúpula não avalia, no
entanto, o processo eleitoral em Honduras e apenas menciona a
sua realização no domingo passado.
O reconhecimento ou não dessas eleições e de seu vencedor, o
conservador Porfirio Lobo, foi o tema que capturou todas as
atenções dos debates na cúpula, que terminou hoje no Estoril
depois de ter sido convocada sob o lema "Inovação e Conhecimento".
Embora os líderes tenham conseguido fazer uma declaração, os
esforços não prosperaram diante das divergências existentes
entre os países que não reconhecem o pleito porque o presidente
deposto Manuel Zelaya não foi restituído previamente e os que,
como Panamá e Colômbia, apoiaram e já reconheceram os resultados.
A forma escolhida para apresentar este tema ao término da cúpula
foi um comunicado especial da Presidência portuguesa, que
condena o golpe e apoia a restituição de Zelaya no poder
"até completar seu mandato constitucional".
O documento também considera como inaceitáveis as "graves
violações dos direitos e liberdades fundamentais do povo
hondurenho" e faz um chamado para o fim da "fustigação
à sede diplomática do Brasil em Tegucigalpa", onde Zelaya
está refugiado desde setembro passado.
O texto ainda diz que os líderes ibero-americanos continuarão
contribuindo "ativamente para a busca de uma solução que
permita a abertura de um diálogo nacional em Honduras e para
devolver o regime democrático ao povo hondurenho".
Segundo o presidente do Governo espanhol, José Luis Rodríguez
Zapatero, a comunidade ibero-americana compartilha quatro
princípios básicos: a condenação do golpe de Estado contra
Zelaya, a urgência de restabelecer a institucionalidade
democrática, a constatação que houve um processo eleitoral e a
necessidade de promover um acordo nacional.
A declaração foi aprovada pelos 22 países participantes da
cúpula, incluindo pela chanceler do Governo deposto de Honduras,
Patricia Rodas, que liderou a representação de seu país no
Estoril e agradeceu o comunicado da Presidência.
Entretanto, Rodas denunciou que não foi possível alcançar o
consenso na cúpula devido à postura de uma "minoria de
países", os quais não mencionou explicitamente, que
"decidiram começar um processo de reconhecer as eleições em
aliança com Washington, de quem têm uma profunda dependência".
Panamá e Colômbia já reconheceram o processo eleitoral e seus
resultados, enquanto o presidente da Costa Rica, Oscar Arias,
expressou sua intenção de convencer os outros líderes
ibero-americanos sobre a conveniência de fazê-lo.
O presidente colombiano, Álvaro Uribe, disse durante a cúpula que
o processo eleitoral é "não objetável" e anunciou que
reconhecerá o novo Governo, enquanto o presidente do Panamá,
Ricardo Martinelli, foi o primeiro a parabenizar Porfirio Lobo
por sua vitória nas eleições.
A chanceler do Governo deposto de Honduras defendeu suas posições
em entrevista coletiva na qual leu um comunicado dos países da
Aliança Bolivariana para as Américas (Alba), formada entre
outros por Equador, Venezuela, Cuba, Bolívia e Nicarágua, no
qual declaram que não reconhecem as eleições "ilegais e
ilegítimas" em Honduras.
Quem também se manteve firme em sua posição de não reconhecer o
processo eleitoral foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o
qual afirmou que também não pretende ter nenhum contato com Lobo.
A cúpula "não foi convocada para discutir sobre
Honduras" e, se assim fosse, "não teria vindo",
declarou Lula, ao considerar que a posição de cada um dos
líderes ibero-americanos sobre as eleições não mudou e que cada
um sai do Estoril "igual a quando chegou". EFE
http://g1.globo.com