quinta-feira, 1 de maio de 2008

Brasil terá acesso a trilhões de dólares

Grau de investimento derruba obstáculos para aplicações no Brasil






Leandro Modé





O otimismo no mercado financeiro com o grau de investimento é generalizado. Analistas e investidores esfregam as mãos enquanto fazem as contas para tentar estimar a quantidade de dinheiro que deve entrar no País em conseqüência do novo status. Isso deve ocorrer por meio de dois canais: o financeiro e o da economia real.




No primeiro, o impacto é de curto prazo, como já ficou claro na disparada de ontem do Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) e na forte queda do dólar. "É provável que essa tendência se mantenha para os próximos dias", afirmou o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale. O segundo é mais demorado e deve beneficiar o Brasil nos próximos anos.




Toda essa expectativa se deve ao fato de que o grau de investimento, ao menos em teoria, abre as portas do País para trilhões de dólares, euros e ienes. Isso porque diversos fundos de investimento e de pensão, entre outras entidades, não podem aplicar seu dinheiro em ativos que não sejam carimbados com o selo de grau de investimento (em inglês, investment grade).




No mercado, não há uma estimativa precisa do tamanho dessa montanha. O presidente do banco de investimentos do Citibank no Brasil, Ricardo Lacerda, calcula que sejam ao menos US$ 3 trilhões. "Sem o investment grade, o País tinha acesso a uma pequena parte desses recursos", disse. Segundo ele, somente o Citi tem clientes cuja poupança potencial supera os US$ 50 bilhões.




Do ponto de vista macroeconômico, explicam os analistas, essa dinheirama beneficia o Brasil pelo seguinte mecanismo: o interesse em investir no País cresce e isso faz com que os juros cobrados de empresas e pessoas físicas brasileiras caiam. Com custo de crédito menor, observou Alexandre Lintz, economista-chefe do banco BNP Paribas, o investimento produtivo tende a subir, algo que, por sua vez, resulta em crescimento sustentado da economia.




"Mas isso não ocorre da noite para o dia", avisou o presidente do HSBC Investments, Pedro Bastos. Agora, disse ele, o País terá de trabalhar para convencer os agentes internacionais a investir aqui.




Assim como Vale, da MB Associados, Bastos acredita que a Bovespa continuará colhendo resultados positivos em decorrência do grau de investimento. "Atualmente, nossa projeção para o Ibovespa no fim do ano é de 80 mil pontos (ante 67.868 pontos de ontem), mas devemos rever esse número para cima", afirmou.





Os especialistas observam que o governo deve trabalhar mais intensamente para resolver os gargalos que impedem a economia brasileira de ter um desempenho ainda melhor do que o atual - em 2007, o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 5,4%. "Agora, o holofote deve estar nas questões micro", afirmou Lacerda, do Citibank. "É preciso ter cautela para evitarmos complacência", disse Marcelo Carvalho, economista-chefe do banco Morgan Stanley.






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