da Folha Online
com Efe, em Bogotá
Os Estados Unidos afirmaram nesta sexta-feira que se os laços entre o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) existirem, como alega a Colômbia e artigo do jornal "The Wall Street Journal", a América Latina e a comunidade internacional devem ficar preocupados.
O periódico econômico publicou nesta sexta que as ligações entre Chávez e as Farc podem ser "mais amplas e profundas" do que se acreditava, com base em documentos encontrados no computador de Raúl Reyes, morto por tropas colombianas em 1º de março durante um ataque a um acampamento da guerrilha em território equatoriano.
"Se esses vínculos existem, deveria haver uma profunda preocupação na região e na comunidade internacional", disse o porta-voz do Departamento de Estado americano, Sean McCormack.
Ele afirmou, no entanto, que é o governo colombiano que deve se pronunciar com mais detalhes sobre os dados encontrados no computador de Reyes.
McCormack acrescentou que sabe que as autoridades colombianas estão trabalhando estreitamente com a Interpol para se assegurar da procedência da documentação e de como encaixa com outras fontes de informação que têm.
"Tenho certeza de que (...) vamos falar muito mais sobre isto, mas acho que é somente apropriado permitir neste momento ao governo colombiano que aprofunde sobre este assunto, se deseja fazê-lo", indicou o porta-voz.
Chávez
Em abril, o presidente venezuelano confirmou que mantinha contatos com as Farc e que, após o ataque que matou Reyes --o "número dois" da guerrilha--, perdeu o contato com o grupo armado.
"Perdemos o contato que tínhamos com as Farc. Havíamos elaborado um sistema de contato que foi pulverizado", afirmou o mandatário venezuelano, em seu programa dominical "Alô, Presidente!".
Em resposta às declarações do governo colombiano e à reportagem do "WSJ", Chávez afirmou que George W. Bush mentiu quando disse que seu governo colaborou com as Farc.
No dia 7 de maio Bush descreveu a Venezuela como um país "antiamericano que forjou uma aliança com Cuba, colaborou com os terroristas das Farc e deu guarida a esse grupo".
Farc
Colômbia, aliada dos EUA, e Venezuela estão em atrito constante desde a invasão do Exército de Bogotá em território equatoriano, para atacar um acampamento das Farc.
No dia seguinte ao ataque (2), Chávez, aliado do presidente equatoriano Rafael Correa, ordenou o fechamento da embaixada da Venezuela na Colômbia e a mobilização de "dez batalhões" militares na fronteira entre os dois países. Quito também retirou seu embaixador em Bogotá.
Logo depois, ainda no domingo, Correa anunciou a "expulsão imediata" do embaixador da Colômbia em Quito e solicitou uma reunião urgente da OEA (Organização dos Estados Americanos) e da CAN (Comunidade Andina de Nações) para tratar do ataque colombiano ao território equatoriano.
Após reuniões diplomáticas, a Colômbia foi duramente criticada e reconheceu a invasão.
No ataque, foi apreendido o computador de Reyes, que apontou Chávez e a senadora colombiana Piedad Córdoba como interlocutores da guerrilha.
De acordo com as mensagens eletrônicas armazenadas no computador do guerrilheiro, a congressista, que aparece com o nome Teodora, mantém contatos com as Farc desde 2003, disseram a Rádio Caracol e o site do jornal "El Tiempo", citando fontes oficiais.
Córdoba, que intermediava com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, a libertação de um grupo de reféns das Farc, era uma das 12 pessoas encarregadas de promover uma estratégia para a guerrilha.
De acordo com as fontes, no mesmo computador, Reyes menciona que Córdoba chegou a comentar com ele que Chávez entregou a parlamentar uma ajuda equivalente a US$ 50 mil para obras sociais na região do Chocó, uma das mais pobres da Colômbia.
www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u400475.shtml
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