FABRICIO VIEIRA
da Folha de S.Paulo
A elevação do Brasil a grau de investimento pela Standard & Poor's levou a Bovespa a conquistar seu melhor pregão na era Lula. Os 6,33% de valorização registrados pela Bolsa ontem representaram a maior alta desde o pregão de 17 de outubro de 2002. Além disso, a Bovespa cravou nova pontuação recorde: 67.868 pontos.
Entenda o que é "rating" ou nota de risco
A agitação dos investidores após a notícia fez com que fossem movimentados no pregão R$ 9,7 bilhões -a média diária girada no ano é de R$ 5,9 bilhões.
No mercado de câmbio, o que se viu foi o dólar despencar para R$ 1,664, após se desvalorizar em 2,4%. E isso porque a notícia saiu a menos de 30 minutos do fechamento das operações de câmbio. Na terça-feira, o dólar havia voltado a ser negociado acima de R$ 1,70.
Como hoje o mercado financeiro estará fechado devido ao feriado do Dia do Trabalho, os negócios de sexta-feira podem ser marcados por pregões de fortes oscilações.
O corre-corre dos investidores fez com que ações de empresas de diferentes segmentos disparassem na Bolsa ontem. Tanto que 61 das 63 ações que formam o índice Ibovespa terminaram com ganhos. E não foram apenas os papéis mais tradicionais que chamaram os investidores. No topo das altas, apareceram as ações Cyrela Realty ON (15,73%), CCR Rodovias ON (15,60%), Cosan ON (15%), Gafisa ON (14,06%) e Lojas Renner ON (13,95%).
Sebastião Moreira /Efe |
Revisão de rating do Brasil pela Standard & Poor's fez Bovespa disparar e subir 6,3% e dólar encerrar abaixo de R$ 1,66 |
"Se a decisão em si não surpreendeu, por ser esperada há algum tempo, seu "timing" pegou o mercado [de surpresa]", afirma Roberto Padovani, estrategista de investimentos sênior para a América Latina do WestLB. Padovani diz que as decisões de "ratings" [nota de risco] também acabam por ter "implicações burocráticas".
Isso porque há fundos de pensão em muitos países, especialmente na Ásia e na Europa, que só podem aplicar em mercados que já contam com "investment grade" (grau de investimento), conquistado ontem pelo Brasil, pois representam menores riscos de calote. Dessa forma, pode ocorrer um novo fluxo de recursos externos para o mercado brasileiro.
Em abril, a entrada de capital externo na Bovespa já era expressiva: R$ 6,01 bilhões líquidos desembarcaram no mercado acionário no mês até o dia 25, sendo o melhor resultado mensal da história.
"O dia já havia começado com pontos positivos, como o resultado do PIB americano, que deu sinais de recuperação, e o corte de juros do Fed. A elevação da nota do país veio animar ainda mais os investidores", diz William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da FGV (Fundação Getulio Vargas).
A Bolsa operou em alta durante todo o pregão. Antes da notícia da elevação da nota de risco, o Ibovespa -que reúne os 63 papéis de maior liquidez- operava em alta próxima de 2%. Ao acelerar seu ritmo de alta, bateu em 68.037 pontos (ganhos de 6,60%) em seu pico, pouco antes do fechamento.
No exterior, o mercado lidou com importantes notícias. O crescimento de 0,6% do PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos surpreendeu parte do mercado. Já o corte de 0,25 ponto na taxa básica americana, para 2% anuais, era amplamente esperado.
Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones, que subiu durante boa parte do dia, acabou fechando com baixa de 0,09%. A Nasdaq recuou 0,55%.
O petróleo encerrou a US$ 113,46 em Nova York, com uma queda de 1,88% no dia.
Líder no mês
A disparada de ontem fez com que a Bolsa de Valores de São Paulo tivesse seu melhor resultado mensal desde janeiro de 2006. Com alta de 11,32% registrada em abril, a Bolsa foi de longe a opção mais rentável no período. Os fundos de renda fixa, que seguem os juros, deram retorno médio de 0,95% no mês. Os CDBs (Certificados de Depósito Bancário) pagaram na média 0,88% no mês. A poupança rendeu 0,60%.
No acumulado do ano, a Bovespa também passou a ser destaque, com valorização acumulada de 6,23%. Na outra ponta, o dólar aparece com o pior retorno, com queda de 5,08% em abril e de 6,36% no ano.
www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u397523.shtml
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