da Folha Online
O terremoto que atingiu a China nesta semana matou quase 15 mil pessoas, informou a agência de notícias estatal Xinhua nesta quarta-feira. Autoridades chinesas alertaram para o risco de calamidade devido ao rompimento das barragens de rios.
De acordo com a Xinhua, o total de pessoas mortas, vítimas do terremoto de 7,9 graus na escala Richter que atingiu a China na última segunda-feira (12), subiu para 14.866.
Arte Folha Online |
Milhares de soldados, bombeiros e civis trabalham para retirar as mais de 25 mil pessoas soterradas sob escombros de prédios, escolas e fábricas que desabaram com o tremor.
A Xinhua citou oficiais do governo dizendo que as equipes de resgate que foram nesta quarta-feira para a cidade de Yingxiu, em Wenchuan --o epicentro do terremoto-- acharam a situação "muito pior que o esperado".
O governo enviou 50 mil soldados para os trabalhos de resgate. A TV da Província de Sinchuan informou que um terço das casas da região foram destruídas, e 90% danificadas.
Andy Wong/AP |
Chinesa aguarda notícias sobre familiares desaparecidos na cidade de Hanwang |
Autoridades alertaram para o risco de rompimento de barragens de rios, assim como para a possível ocorrência de deslizamentos em áreas montanhosas, onde há previsão de chuva.
Duas estações hidroelétricas no Condado de Maoxian, onde cerca de 7.000 moradores e turistas estão isolados perto da área do epicentro, foram "amplamente danificadas".
Deslizamentos bloquearam o fluxo de dois rios no Condado de Qingchuan (norte), formando um grande lago em uma região onde cerca de mil morreram e 700 estão soterrados.
"O aumento do nível das águas pode causar mais deslizamentos. Precisamos com urgência de especialistas em geologia que possam realizar testes e elaborar um plano de emergência", disse Li Hao, chefe do Partido Comunista no Condado, à agência Xinhua.
O terremoto também bloqueou um rio na região de Mianzhu, forçando a retirada de moradores.
Resgate
A ajuda começou a chegar em algumas das áreas de mais difícil acesso e algumas vítimas, presas por mais de dois dias sob os escombros de prédios que desabaram, começaram a ser retiradas com vida.
Em Mianzhu, onde milhares de pessoas morreram, cerca de 500 foram salvas.
Equipes de resgate em Hanwang, uma vila em Mianzhu, mantiveram uma menina com comida e água enquanto lutavam para libertá-la das ruínas de uma escola de quatro andares que desabou.
Uma mulher grávida de oito meses e sua mãe, presas durante dois dias sob um prédio de apartamentos em Dujiangyan, foram retiradas por bombeiros e levadas ao hospital.
"Nós estamos muito felizes. Ficamos aqui gritando por dois dias", disse Pan Jianjun, um parente das vítimas. "Mas ainda há mais três pessoas lá fazendo barulho", afirmou.
Apelos
O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, esteve em Sichuan fazendo apelos emocionais para incentivar trabalhadores e visitando crianças órfãs. "Sua dor é nossa dor", disse na televisão estatal. "Salvar a vida das pessoas é a tarefa mais importante", disse.
Só Beichuan precisa urgentemente de 50 mil tendas, 200 mil cobertores e 300 mil casacos, assim como água potável e medicamentos, disse a Xinhua.
O tremor, o pior registrado na China desde 1976, quando até 300 mil pessoas morreram, abafou a propaganda do governo três meses antes dos Jogos Olímpicos de Pequim.
Operação
O governo chinês lançou uma grande operação com o Exército e a polícia, além dos serviços de saúde, para chegar às regiões mais afetadas pelo terremoto e ajudar os sobreviventes do terremoto. Segundo a Xinhua, mais de 800 policiais chegaram hoje ao distrito de Wenchuan, epicentro do terremoto e que ficou isolado por causa de deslizamentos de terra e de rochas.
AP |
Equipes de resgate procuram por sobreviventes em Dujiangyan |
Cerca de 200 soldados do Exército de Libertação Popular, além de dois helicópteros militares com ajuda de emergência, conseguiram chegar hoje também a Yingxiu, região que também está incomunicável.
Fonte militares afirmaram à Xinhua que outros cinco helicópteros devem chegar à região caso as condições meteorológicas permitam.
Dois aviões da Força Aérea chinesa comandados por controle remoto saíram de Pequim e fizeram um reconhecimento na área de Sichuan para obterem informações sobre a situação.
Segundo He Biao, subsecretário-geral do governo da Prefeitura de Aba, a oeste da Província de Sichuan, a cidade de Yingxiu tem 10 mil habitantes, porém só podem ser confirmados até agora 2.300 sobreviventes.
O oficial do Exército Zhi Liusio disse que até o final do dia devem ser enviados ainda 400 soldados, entre eles 100 pára-quedistas de um esquadrão de elite.
www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u401751.shtml
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