da Folha Online
Com France Presse, Reuters e Efe
Aplausos, vaias, frustração e desapontamento marcaram o discurso em que a senadora Hillary Clinton encerrou oficialmente sua campanha para concorrer à indicação do partido Democrata na disputa pela Presidência dos EUA. "Hoje suspendo minha campanha, o felicito [Barack Obama] pela vitória conquistada e pela extraordinária campanha que realizou. Dou a ele todo o meu apoio", afirmou a senadora, que pediu a seus partidários que apóiem o provável candidato democrata à Casa Branca.
Em um comunicado oficial, Obama agradeceu o apoio e se declarou honrado com a manifestação da senadora. "Obviamente, estou encantado e honrado em ter o apoio da senadora Clinton. Ela rompeu barreiras em nome de minhas filhas e das mulheres de todas as partes, que agora sabem não há limites para seus sonhos. E ela inspirou milhões com sua força, sua coragem e seu inquebrantável compromisso com a causa dos trabalhadores americanos", disse o senador por Illinois.
Entre os mais de 2.000 partidários que lotaram o salão do National Building Museum, em Washington, muitos estavam com lágrimas nos olhos e não escondiam sua tristeza. A senadora citou o nome de seu ex-rival por mais de 15 vezes e em muitas delas, vários eleitores soltaram longas vaias.
"Hillary ganhou meu apoio por sua posição em vários temas importantes para mim e agora cabe à Obama fazer o mesmo", disse a veterana Terry O'Neill.
"Meu coração está destruído. Eu estou absolutamente devastada. Eu me identificava com ela", disse Dianne Cooperman, 61, carregando camisetas com a estampa da senadora.
Pesquisas realizadas nos últimos cinco meses de primárias democratas mostraram que eleitores de Hillary preferiam não votar ou até mesmo votar no provável candidato republicano, John McCain, caso a senadora não fosse a nomeada. Estes números iniciaram um forte movimento interno no Partido Democrata pelo fim da disputa pela nomeação e a união partidária, movimento que culmina no evento deste sábado.
A batalha continua
Em seu discurso em Washington, a senadora declarou que "a maneira de continuar agora nossa batalha, para alcançar os objetivos que desejamos, é usar nossa energia, nossas paixões, nossas forças e fazer tudo o que pudermos para ajudar a eleger Barack Obama como o próximo presidente dos Estados Unidos".
A senadora agradeceu "aos esforços dos eleitores, às doações, aos colaboradores e aos jovens", e também a parcelas de seu eleitorado mais fiel, entre estes, mulheres idosas. "Agradeço a todas as mulheres de 80, 90 anos que fizeram questão de votar".
Hillary, seu marido, Bill Clinton, e a filha do casal Chelsea Clinton chegaram ao local do evento em Washington por volta das 13h40 e foram recebidos como popstars.
As primeiras palavras de Hillary, após ser aplaudida por meio minuto sem conseguir falar, foram: "esta não é a festa que eu planejei, mas estou feliz com a companhia de vocês".
Apoio
A decisão de Hillary de sair da corrida não encerra seu papel na disputa pela sucessão do governo de George W. Bush. Como uma das mais influentes figuras democratas, a ex-primeira-dama cumpre sua obrigação em dar apoio a Obama.
A questão que deve surgir após este sábado é como os eleitores, a mídia e os republicanos reagirão. É provável que os ataques entre Obama e Hilary não sejam esquecidos, e que se questione como ela pode apoiar um candidato que, há pouco tempo, dizia não estar preparado para o cargo de presidente.
Como indício desta nova fase, Obama e Hillary trocaram os ataques, acusações e questionamentos por elogios mútuos.
Na quarta-feira (4), em discurso diante do Comitê Anual de Assuntos Internos Americano-israelenses, Hillary disse que Obama está "pronto para enfrentar os desafios da Presidência e garantir a segurança de Israel".
Já Obama --que há meses parecia ignorar a rival, com a certeza de que já havia ganho a nomeação--, declarou na quinta-feira (5) que Hillary "fez história" na política dos EUA. "Agora, minhas duas filhas olham para si mesmas de forma diferente, graças ao fato de ela ter concorrido à Presidência dos Estados Unidos", afirmou.
Para o professor de ciência política da Universidade de Harvard e consultor de campanha Richard Parker, a questão não é o apoio de Hillary, mas quão vigorosa será sua defesa à candidatura do senador. "Há razão para se acreditar que ela não o apóie tão vigorosamente. Se Obama perder, isso praticamente a torna a candidata automática para as próximas eleições", disse Parker em entrevista exclusiva à Folha Online.
www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u410014.shtml
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