A pesquisa mensal do IBGE, divulgada ontem, mostra quase uma estagnação da produção industrial em abril, com crescimento de apenas 0,2% em relação ao mês anterior. Estaríamos diante de uma interrupção no crescimento da indústria?
Na realidade, quando se considera que a produção de abril cresceu 10,1% em relação ao mesmo mês de 2007 e 7,3% nos quatro primeiros meses do ano, em comparação ao mesmo período do ano passado, deve-se admitir não uma parada ou recuo no ritmo do setor secundário, mas apenas uma acomodação a um nível bastante elevado de atividade.
Aliás , verifica-se que dos 27 ramos pesquisados pelo IBGE, 16 apresentaram aumento da produção e 11, decréscimo. A reação de cada setor leva a algumas conclusões. A indústria nacional continua capaz de atender à demanda interna; mas se mostra prudente quanto à demanda externa, levando em conta a situação incerta que se verifica nos EUA e que a apreciação do real ante o dólar torna ainda mais intensa. Os setores que apresentaram queda são os que já há alguns meses são afetados pela concorrência de produtos provenientes da Ásia - como os têxteis, o vestuário em geral, os aparelhos eletrodomésticos e equipamentos de comunicação.
Entre os setores que acusaram aumento, cabe assinalar o refino de petróleo e álcool (8,1%), que se explica pela recuperação da produção afetada no mês anterior por uma parada técnica; a indústria farmacêutica (3,2%); os equipamentos informáticos (6,8%); os veículos automotores e outros equipamentos de transporte (2% e 4%, respectivamente).
O mais importante aparece quando se examina a produção por categorias de uso em que todas acusam redução, com a exceção dos bens de capital, que apresentaram crescimento não desprezível de 1,6%, em relação a março, e de 20,5%para o quadrimestre - resultado que é ainda maior quando se consideram só os bens de capital para fins industriais.
Isso significa que o setor de bens de capital aposta na continuidade da produção e oferece equipamentos para atender à demanda e aumentar a produtividade da indústria, o que pode ter efeito positivo nas exportações de produtos manufaturados, que são estáveis.
Seria importante que essa modernização da indústria fosse levada em conta pelo Copom, ao avaliar a fixação da nova taxa Selic, que deverá ser anunciada hoje.
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