colaboração para a Folha Online
Terminou no início da noite deste sábado no horário local a recontagem dos votos do 2º turno da eleição presidencial no Zimbábue, e os resultados são agora compilados em Harare, informou a Comissão Eleitoral nacional.
O ditador Robert Mugabe --que está no poder há 28 anos-- irá prestar juramento neste domingo como presidente reeleito, indicaram fontes governamentais. Mugabe já tinha a vitória assegurada nas eleições em que era candidato único.
O líder da oposição, Morgan Tsvangirai, boicotou a votação após sofrer intensa pressão das forças governistas e de uma onda de violência contra os partidários do Movimento para a Mudança Democrática (MDC).
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Resultados do 2º turno das eleições presidenciais são postados em colégio eleitoral, no Zimbábue; ditador Mugabe ganhou a reeleição |
"A posse acontecerá às 10h (15h, em brasília) de domingo", declarou um partidário próximo ao presidente zimbabuano, que pediu o anonimato.
Outra fonte, membro da delegação que deve acompanhar Robert Mugabe à cúpula da União Africana (UA) no Egito, informou que a cerimônia de posse será realizada antes da viagem da comitiva, prevista para domingo à noite.
Críticas
Em meio ao processo de contagem, a oposição continua criticando as eleições, chamando os comícios de "farsa".
Os responsáveis eleitorais zimbabuanos assinalaram que os resultados das 210 sessões eleitorais do país serão conhecidos no último minuto de sábado ou neste domingo (29).
Segundo a rede de televisão norte-americana CNN, cinco pessoas foram mortas durante ataques das forças do governo nas eleições desta sexta-feira. A rede cita um comunicado enviado pelo partido oposicionista, o Movimento para a Mudança Democrática (MDC).
No texto, o líder da oposição Morgan Tsvangirai --que saiu da disputa presidencial alegando ameaças de Mugabe e a onda de violência contra os seus partidários-- denuncia o processo eleitoral do Zimbábue como "um exercício de intimidação em massa".
O MDC afirma que quatro de seus partidários e a mulher de um deles morreram após apanharem e descreveram as mortes como "patrocinadas pelo Estado".
O vice-ministro de informação, Bright Matonga, afirmou que não iria "dignificar as acusações com comentários" e que o processo de cotação foi pacífico. Citado pela CNN, Matonga disse que membros do MDC queimaram algumas estações de votação.
Reação mundial
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse neste sábado que pediu mais sanções contra o 'ilegítimo' governo do Zimbábue, um dia após o segundo turno das eleições que teve como candidato único o ditador Robert Mugabe.
'Considerando a descarada falta de respeito do regime de Mugabe pelo sentimento democrático e os direitos humanos do povo zimbabuano, dei instruções aos secretários de Estado e do Tesouro para que estabeleçam sanções contra este governo ilegítimo do Zimbábue e aqueles que o apóiam', declarou Bush através de uma nota oficial.
A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, apontou a existência de inúmeras denúncias de intimidação durante o processo eleitoral.
"Acredito que não há dúvidas de que as eleições no Zimbábue de ontem foram uma farsa", disse Rice neste sábado, durante uma viagem para a Coréia do Sul, acrescentando que o seu enviado especial para a África, Jendayi Frazer, vai assistir a cúpula de segunda-feira da União Africana (UA) no Egito, para exercer pressão sobre Mugabe.
Rice também salientou que os EUA desejam que o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprove na próxima semana uma resolução sobre o Zimbábue, para enviar uma "mensagem forte de dissuasão" para Mugabe.
Pedido
Tsvangirai venceu o primeiro turno das eleições presidenciais de 29 de março, mas não conquistou os 50% necessários para evitar uma segunda consulta eleitoral.
Apesar de boicotar os comícios de sexta-feira e diante das notícias indicando que muitos eleitores foram forçados a votar em Mugabe, o líder oposicionista pediu nesta sexta-feira que seus partidários não fizessem gestos de desafio.
"Se você tem de votar a favor de Mugabe porque sua vida está em perigo, faça isso. Se te forçam a votar a favor de Mugabe para evitar ter problemas pessoais, também faça isso", disse Tsvangirai.
Em várias partes do Zimbábue surgem informações de que as cédulas de voto foram inspecionadas antes de serem preenchidas para as eleições e que eleitores foram forçados a votar.
O jornal governamental "The Herald" publicou neste sábado que a participação nas eleições foi "maciça", mas não deu números.
www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u417178.shtml
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