segunda-feira, 31 de março de 2008

Irã ajudou em cessar-fogo de milícia de clérigo xiita no Iraque, diz CNN

da Folha Online



O Irã foi essencial para persuadir o clérigo radical xiita Moqtada al Sadr a suspender os ataques cometidos pela sua milícia, o Exército de Mehdi, contra as forças de segurança iraquianas, disse um legislador iraquiano nesta segunda-feira, segundo a rede CNN.




Haidar al Abadi, que é do partido Dawa, do primeiro-ministro Nuri al Maliki, disse que legisladores xiitas iraquianos viajaram na última sexta-feira (28) para o Irã para encontrar com Al Sadr. Eles retornaram neste domingo (30), no dia em que o Al Sadr pediu à sua milícia para recuar.




De acordo com a CNN, as notícias do envolvimento do Irã nas conversas de cessar-fogo surgiram quando um porta-voz de Al Maliki disse que as operações que tinham como alvo os "fora-da-lei" em Basra (550 km ao sul de Bagdá) terminariam quando os objetivos da missão fossem alcançados. Mais cedo, o porta-voz de Al Maliki, Sami al Askari, disse que a operação terminaria até o fim desta semana, mas depois recuou.




Os legisladores que viajaram ao Irã para intermediar o cessar-fogo eram de cinco partidos xiitas, incluindo o movimento sadrista. Al Abadi não disse em que lugar o encontro aconteceu no Irã, informou a CNN.




De acordo com a rede de TV, os legisladores esperavam convencer o Irã a parar de ajudar as milícias xiitas e a persuadir Al Sadr a terminar os confrontos. As negociações foram difíceis, mas a delegação conseguiu atingir seus objetivos, disse Al Abadi, segundo a CNN.




O exato envolvimento do Irã nas negociações não está claro, mas duas fontes concordam que ele teve um papel importante, informa a CNN.




As notícias da existência da delegação apareceram um dia depois do porta-voz do governo iraquiano, Ali al Dabbagh, ter negado a existência de negociações diretas ou indiretas entre o governo e os representantes de Al Sadr em Najaf, onde está localizado o quartel-general do clérigo xiita. Al Dabbagh não fez menção ao encontro no Irã, mas disse que o governo saudava esforços feitos por políticos para acabar com a violência no Iraque.




Zona Verde



A ultraprotegida Zona Verde, que fica no centro de Bagdá e abriga as sedes governamentais iraquianas e várias embaixadas ocidentais, foi novamente alvo de ataques de mísseis e morteiros nesta segunda-feira (31), apesar do anúncio de cessar-fogo feito neste domingo por Al Sadr.




Grandes colunas de fumaça se elevaram sobre o lugar depois da explosão de cinco ou seis bombas que romperam a relativa calma que reinava na capital nesta manhã.




Arte Folha Online
Mapa Iraque

A Embaixada dos Estados Unidos confirmou os ataques e disse que nenhum dano grave foi registrado. A Zona Verde tem sido alvo de freqüentes ataques desde o Domingo de Páscoa. Ao menos dois americanos que trabalhavam para o governo dos EUA teriam morrido nos atentados.




Também nesta segunda-feira, o toque de recolher, imposto em Bagdá pelo Exército iraquiano na noite da última quinta-feira (27), dois dias depois do início dos confrontos entre tropas do governo e homens do Exército de Mehdi (milícia liderada por Al Sadr), foi suspenso pela manhã.




A situação em Basra era relativamente calma nesta segunda-feira, apesar de tiros esporádicos ainda serem ouvidos nas ruas. O governo de Al Maliki, ele mesmo um xiita, saudou o anúncio de cessar-fogo feito por Al Sadr.




"Devido à responsabilidade religiosa, para deter o derramamento de sangue de iraquianos, manter a unidade do Iraque e dar fim à sedição que os invasores querem espalhar entre o povo iraquiano, convocamos o fim das ações armadas em Basra e em outras Províncias", disse Al Sadr em comunicado ao anunciar o cessar-fogo. "Qualquer homem armado que estiver nas ruas, alvejando instituições do governo iraquiano, não será um de nós [Exército de Mehdi]", dizia o texto.




Confrontos



Os confrontos entre as milícias xiitas e as tropas iraquianas começaram na última terça-feira, quando Al Maliki deu início a uma ofensiva contra os grupos e prometeu permanecer em Basra até que a missão fosse completada. Os confrontos se espalharam por outras cidades do país, incluindo Bagdá. Um número estimado de 400 pessoas morreram nos confrontos.




A milícia de Al Sadr, segunda força xiita do Iraque, se mantinha inativa desde agosto de 2007, quando seu líder se comprometeu a não fazer uso da violência, o que contribuiu para a melhora da segurança no país.



www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u387506.shtml

Nenhum comentário:

Google