Por Sue Pleming
JERUSALÉM (Reuters) - A secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, afirmou na quarta-feira que Israel e os palestinos concordaram em retomar negociações de paz, suspensas por causa de uma ofensiva israelense na Faixa de Gaza, mas não especificou nenhuma data.
Demonstrando disposição de suspender as ações armadas, depois de uma ofensiva na Faixa de Gaza que resultou em 125 palestinos mortos, o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, disse que não haverá novos ataques se os militantes palestinos pararem de disparar foguetes contra o território israelense.
Rice enviou um representante para o Cairo. O Egito é uma peça importante dos esforços para acalmar a situação entre o Estado judaico e o Hamas, grupo islâmico que controla a Faixa de Gaza.
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, um adversário do Hamas, disse anteriormente que as negociações de paz poderiam ser retomadas se Israel se comprometesse com um cessar-fogo em Gaza. No entanto, depois de conversações com Abbas, Rice afirmou que uma trégua não era precondição para a retomada do diálogo.
"Fui informada pelas partes envolvidas que eles pretendem retomar as negociações e estão mantendo contato para decidir como fazer isso", afirmou Rice ao lado da ministra israelense das Relações Exteriores, Tzipi Livni.
A secretária, que concluía uma visita de dois dias a Israel e à Cisjordânia, não afirmou quando a próxima rodada de negociações ocorrerá. Os EUA esperam que esse processo resulte em um acordo antes de o atual presidente norte-americano, George W. Bush, deixar seu cargo, em janeiro.
Abbas congelou os contatos com Israel no domingo como forma de protesto pela ofensiva israelense na Faixa de Gaza na qual foram mortos mais de 125 palestinos e dois soldados de Israel. Segundo equipes médicas palestinas, cerca de metade dos mortos eram civis.
Israel suspendeu a investida de cinco dias na segunda-feira, mas ameaçou colocar soldados de novo no território se o lançamento de foguetes continuar. O Hamas assumiu o controle da Faixa de Gaza em junho, após expulsar dali a facção Fatah, ligada a Abbas.
Nesta quarta-feira, porém, após reunir-se com Rice, Olmert afirmou a repórteres: "Uma coisa precisa ficar clara. Se não houver disparos de Qassam (foguete) contra Israel, não haverá nenhum ataque de Israel contra a Faixa de Gaza. Nós não acordamos de manhã e ficamos pensando sobre como atacar a Faixa de Gaza."
Hamas respondeu às declarações com ceticismo, embora tenha reduzido significativamente os disparos de foguetes.
"Desejamos ver resultados concretos, não palavras. É necessário haver a interrupção total de todas as formas de agressão israelense contra o nosso povo, além da reabertura de todos os postos de fronteira", disse à Reuters Sami Abu Zuhri, uma autoridade do Hamas, referindo-se ao bloqueio israelense contra a Faixa de Gaza, cuja maior parte do 1,5 milhão de moradores depende de ajuda externa para sobreviver.
Mas Abu Zuhri não repetiu as exigências feitas antes pelo Hamas de que a trégua incluísse a Cisjordânia ocupada, o outro território que os palestinos desejam incluir em seu Estado e no qual as tropas israelenses realizam operações constantemente.
O gabinete de Abbas divulgou um comunicado depois da reunião dele com Rice no qual não repetiu a exigência da trégua para as negociações. Segundo o comunicado, Rice esforça-se para "garantir um clima de paz mútua" e a intenção do presidente é "retomar o processo de paz e as negociações".
(Reportagem adicional de Adam Entous em Jerusalém, Ali Sawafta em Ramallah e Nidal al-Mughrabi, em Gaza)
http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2008/03/05/palestinos_
israel_voltarao_negociar_anuncia_rice-426091511.asp
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