sábado, 15 de março de 2008

Lula: consumo pode trazer inflação

Ricardo Brandt










O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou o atual estágio de desenvolvimento da economia brasileira, mas fez um alerta para os riscos da volta da alta da inflação - classificada como "uma doença desgraçada" - com o consumo crescendo mais que a produção.











"É preciso que a gente tenha cuidado porque, se cresce muito o consumo e a indústria não investe em novas fábricas, em nova produção, a gente tem de volta uma doença desgraçada, que nós não gostamos dela, que é a inflação, que muitas vezes favorece o rico e quem paga o preço é o pobre que vive de salário neste país", disse Lula em discurso na cidade de Araraquara, interior de São Paulo, onde inaugurou uma escola e anunciou investimentos em saneamento e numa nova malha ferroviária.










O discurso de Lula reforça a mensagem da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem, na qual o Banco Central alerta para o excesso de demanda e os riscos de pressão inflacionária.










No discurso, ele voltou a dizer que o momento que o País vive é mágico. "Eu me lembro que quando eu tomei posse, a indústria automobilística me procurou dizendo: ?Nós estamos quebrados, temos muita empresa querendo ir embora?. E ontem eu recebi uma carta: eles saíram de 2 milhões e 200 mil carros e estão prometendo produzir 4 milhões em 2009."










Segundo Lula, não houve milagre. O que existe é maior facilidade de acesso das classes mais baixas a bens de consumo, por causa da possibilidade de pagamento a longo prazo. "Durante 26 anos este país estava preparado para não crescer. Havia uma lógica entre os economistas do governo de que o Brasil não poderia crescer mais do que 3% ao ano. Nós queremos provar que o País pode crescer 3%, 4%, 5%, 6% e quanto a economia suportar."











Lula disse que as pessoas tentam atribuir ao acaso o boa situação da economia, e não ao seu trabalho. "Tem muita gente que diz que as coisas estão dando certo no Brasil porque o Lula tem sorte. Obviamente, eu prefiro ser o Lula com sorte do que o Lula sem sorte, porque não há na vida nada que aconteça se a gente não tiver um pouco de sorte."










O presidente afirmou que seu governo transformou um país "quebrado", reconquistou o prestígio externo e recuperou as contas públicas. "Nós, que tínhamos apenas R$ 30 bilhões de reservas, dos quais R$ 15 bilhões do FMI, hoje temos quase US$ 200 bilhões. Não devemos nada ao FMI, ao Clube de Paris, a ninguém."










Lula disse ainda que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) viverá sua consagração. Ele vai viajar pelo País no 1º semestre, inaugurando obras. Questionado se isso não poderia favorecer os candidatos do PT nas disputas locais, disse que não. "Não, porque, como o PT tem menos prefeitos que os outros partidos, certamente visitarei mais cidades de outros partidos."










www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080315
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