quarta-feira, 16 de abril de 2008

Avião atinge mercado no Congo



Ao tentar decolar, DC-9 derrapa e destrói lojas e barracas em bairro ao lado da pista; pelo menos 21 pessoas morreram




Goma, CONGO (RDC)




Um avião DC-9 com 79 passageiros atingiu ontem um movimentado mercado em Goma, na República Democrática do Congo (RDC, ex-Zaire), ao tentar decolar. De acordo com o Ministério do Interior congolês, pelo menos 21 pessoas morreram. Em razão do fogo e do estado dos corpos, porém, não havia um número oficial de vítimas. De acordo com autoridades locais, 113 feridos estavam sendo tratados em hospitais da cidade.




Com destino à capital, Kinshasa, o avião tentou decolar às 14h30 (9h30 horário de Brasília), mas não conseguiu ganhar altitude. Quando o piloto tentou abortar a decolagem, o avião derrapou na pista, derrubou um muro e atingiu o mercado no bairro vizinho de Birere, num emaranhado de lojas e barracas. Pelo menos um galpão ficou totalmente destruído e dezenas de casas e outras construções pegaram fogo.




A aeronave pertencia à companhia aérea local Hewa Bora, que na semana passada foi proibida de voar para a União Européia. O Congo (RDC) é um dos países com maior índice de acidentes aéreos no mundo. Apenas no ano passado, caíram oito aviões. Em outubro, um Antonov caiu em Kinshasa e matou 50 pessoas.




SOBREVIVENTES

Em meio ao caos que se tornou a operação de resgate, os relatos dos sobreviventes deram a dimensão do drama de quem escapou. “Eu estava na minha poltrona, com o cinto afivelado, quando houve um forte choque. Saltei do meu lugar e encontrei uma saída. Sentia o fogo atrás de mim”, disse Frederic Katemo, que escapou pela cabine.




Desiré Buhendwa contou que correu na direção de uma porta de emergência e pulou. “Quando caí no chão, vi que as chamas estavam aumentando”, disse.




Moradores contaram que havia escombros espalhados por todo o bairro. “O avião ficou partido ao meio. Há fogo por toda a parte. Muitas pessoas ajudaram com baldes de água”, disse uma testemunha.




O fogo ainda não havia sido controlado até a madrugada de hoje e, por isso, o resgate dos corpos estava prejudicado. Policiais congoleses e soldados da força de paz da ONU tentavam controlar a multidão que cercou o local da queda. Segundo a companhia aérea, o DC-9 não conseguiu alcançar velocidade para decolar porque havia muita água na pista e chovia forte no momento do acidente.




ROTINA

Por causa de problemas de segurança, a União Européia incluiu a Hewa Bora na lista de companhias vetadas em seu espaço aéreo. Segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês), o índice de acidentes aéreos na África é seis vezes maior do que no restante do mundo. Em um relatório recente, a Iata qualificou de “vergonhoso” o transporte aéreo no continente.




No Congo, os acidentes aéreos são freqüentes por dois motivos principais. Primeiro, porque aviões são um meio de transporte muito usado, num país que tem mais de 2,3 milhões de km², mas onde a maioria das estradas está destruída desde a guerra civil (1998-2003). Além disso, muitas companhias utilizam aviões sucateados, a maioria de fabricação russa.
AP, AFP E REUTERS



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