Agencia Estado
Quase metade da agenda do presidente Luis Inácio Lula da Silva em Praga foi dedicada à visita de locais turísticos na capital da República Tcheca. "Sábado não deve ser dia de trabalho", afirmou o presidente. Na sexta-feira em Amsterdã, Lula já havia se queixado de que não teve tempo nem de ir a um bar. "Não tive oportunidade de conhecer um bar na Holanda. Esse é um prejuízo de uma visita de estado", afirmou.
Hoje o presidente teve tempo de sobra para conhecer Praga. Lula é o primeiro presidente brasileiro a visitar o país após sua independência em 1993. Mas a agenda foi limitada em termos de trabalho e serviu para Lula trazer os projetos do PAC e agendar visitas de empresários. Inicialmente, a idéia de Lula era ir para a Itália. Mas com as eleições em Roma, a saída foi marcar a viagem à República Tcheca. Mesmo assim, Vlaclav Klaus, presidente tcheco, garantiu que encontro com Lula foi "produtivo".
O único acordo assinado foi um de cooperação econômica, sem qualquer detalhamento e apenas para atualizar um entendimento anterior. Durante a viagem de menos de 24 horas, Lula visitou o mosteiro de Stravoh, o Palácio Episcopal do Castelo de Praga e a Igreja de Nossa Senhora da Vitória, onde está uma réplica da estátua de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.
Lula ainda causou tumulto ao passar pela ponte Carlos, um dos cartões postais de Praga e visitada diariamente por milhares de pessoas. A cidade de Praga não fechou as ruas para a visita de Lula e, entre curiosos, turistas, jornalistas e seguranças, o centro da cidade se transformou em uma confusão. "Quem é?", perguntava um turista italiano. Lula não disfarçava o incômodo com tumulto. Impaciente, desistiu de parar para ver as estátuas na ponte e olhou diversas vezes ao relógio durante o percurso de 120 metros. Perguntado se tinha apreciado a visita, Lula respondeu: "a visita sim, mas tem muita gente. Precisa vir em um dia de semana. Acho que numa segunda-feira".
Enquanto andava e os seguranças tentavam afastar as pessoas, Marco Aurélio Garcia, assessor especial de Lula para Relações Internacionais, tentava convencer o presidente a visitar outros lugares. Até o chanceler Celso Amorim admitiu ontem. "Aqui é turismo", afirmou, lembrando que não havia nem Hugo Chavez nem Evo Morales na viagem.
Em seu único discurso ao lado do presidente tcheco, Lula não se conteve. "Sábado não deve ser dia de trabalho nem para os presidentes nem para os jornalistas. Portanto, estamos dando trabalho demais para vocês (jornalistas)", disse. O objetivo de Lula era agradecer os tchecos por terem marcado a visita durante um sábado para que pudesse ocorrer. Klaus achou que a menção fosse deferência aos jornalistas. "Tenho de aprender isso. Nunca louvei os jornalistas dessa maneira", concluiu o presidente em um evento no Castelo de Praga, local conhecido pela tradição medieval de jogar os administradores que cometessem erros pelas janelas de suas torres.
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