quarta-feira, 23 de abril de 2008

Diretor de Itaipu admite mudança só com 'catástrofe'

Para Samek, tarifa garante o pagamento da dívida, distribuição de royalties e produção de energia






Evandro Fadel, CURITIBA

O diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Jorge Samek, considerou ontem que é “justo” o preço pago pelo Brasil ao Paraguai pela energia cedida pelo país vizinho. É o valor que, segundo ele, garante o pagamento da dívida feita por conta da construção, distribuição de royalties e produção de energia.






Dessa forma, ele não vê motivos para que os dois países revejam o tratado que foi assinado em 1973 e prevê uma revisão somente em 2023, quando a dívida de sua construção estiver totalmente paga. “Ele pode ser revisto desde que haja uma catástrofe, um desequilíbrio financeiro, o que não é o caso.”





No entanto, Samek considerou “normal” que o tema relacionado a Itaipu tenha sido novamente discutido durante uma campanha eleitoral no Paraguai, o que historicamente é feito desde sua construção. “É uma empresa que hoje tem seu valor de mercado em US$ 60 bilhões, dos quais US$ 30 bilhões são do Paraguai, enquanto o PIB paraguaio é inferior a US$ 10 bilhões”, ressaltou. “O cara que não colocar Itaipu como primeiro ponto de sua plataforma eleitoral tem de ficar em casa.”






Com o direito que o Paraguai tem na produção de Itaipu, torna-se um dos únicos países que não precisam se preocupar com energia até 2040, independentemente do crescimento econômico.






Em relação aos valores pagos ao Paraguai, Samek destacou que Itaipu produz anualmente cerca de 90 milhões de megawatts/hora (MWh). Pelo tratado, metade fica para o Brasil e a outra metade, para o Paraguai, que utiliza apenas 8 milhões de MWh. O restante, por força do próprio acordo, tem de ser vendido compulsoriamente ao Brasil. A energia que fica no território brasileiro chega à Eletrobrás a US$ 39 o megawatt/hora.






De acordo com o diretor-geral brasileiro, esse valor representa o “custo Itaipu”, referente ao pagamento da dívida, dos royalties, da cessão de energia e da operação da usina. Ao Paraguai, a energia representa US$ 41,80 o MWh. “São acrescidos mais US$ 2,80 por MWh, o que rende US$ 120 milhões a mais por ano”, destacou Samek. Desse valor, US$ 39 vão para o pagamento do “custo Itaipu”. “Ele (o presidente eleito Fernando Lugo) deu a entender que o Brasil só pagava US$ 2,80 pelo MWh, quando, na verdade, custa US$ 41,80”, afirmou. “Portanto, está na média do preço da energia paga no Brasil.” Ele destacou também que, desde 2003, Itaipu regularizou todas as contas e está totalmente em dia no pagamento da dívida e repasse de royalties.





Samek disse que o faturamento de Itaipu é de US$ 3,2 bilhões. Desse valor, 75% são destinados ao pagamento da dívida e juros da construção da usina. Outros 14% se referem aos royalties e apenas 11% ficam disponíveis para a operação e modernização da usina. Em razão dessa equação, o diretor-geral reforça sua tese de que não há necessidade de qualquer revisão sobre o tratado. “Não tem de alterar uma engenharia financeira e jurídica que está dando tão certo”, destacou. A expectativa é de que, a partir de 2023, quando a dívida estiver paga, cada um dos países receberá, a valores de hoje, US$ 1,6 bilhão por ano.





FRATERNIDADE

Em Curitiba, o governador do Paraná, Roberto Requião, que torcia pela vitória de Lugo, disse que todas as discussões que o Paraguai tiver de fazer com o Brasil serão feitas “sob o signo da fraternidade”. O secretário de Comunicação Social do Paraná, Ayrton Pisseti, foi um dos integrantes da equipe de campanha do presidente eleito.




“O Fernando Lugo Méndez deve esperar do Paraná o que se espera de um companheiro”, ressaltou Requião.




http://txt.estado.com.br/editorias/2008/04/23/eco

-1.93.4.20080423.17.1.xml




Envie um e-mail para mim!



Nenhum comentário:

Google