SÃO PAULO - A polícia investiga se a tia de Isabella, Cristiane Nardoni, usou luvas de plástico para adulterar o local do crime e limpar vestígios de sangue. A suspeita surgiu a partir de informação de que a irmã de Alexandre Nardoni teria sido vista, poucas horas após a morte da sobrinha, em uma drogaria da Zona Norte comprando tintura para cabelo. A embalagem deste tipo de produto costuma conter um par de luvas.
Na quarta-feira, em depoimento na 9ª Delegacia (Carandiru), Cristiane negou, durante as duas horas em que foi ouvida pelos delegados Calixto Calil Filho e Renata Pontes, que tenha adulterado a cena do crime. Porém, admitiu ter entrado no apartamento do irmão na noite em que Isabella morreu.
Por coincidência, no dia do depoimento, Cristiane estava com os cabelos ruivos e, em entrevista ao "Fantástico", da Rede Globo, no último dia 13, usava cabelos castanhos. Segundo as investigações, Cristiane estava na farmácia com uma amiga e também teria comprado antidepressivos.
O promotor Francisco Cembranelli afirmou nesta quinta-feira que a cena do crime foi alterada logo após a queda da menina Isabella Nardoni, de 5 anos. A constatação foi feita pela perícia. O assassinato aconteceu no último dia 29 de março. Segundo Cembranelli, alguém limpou parte do rastro de sangue da menina no apartamento antes da chegada da perícia. Ele esteve reunido nesta quinta-feira com a advogada Renata Pontes, recebeu cópias dos últimos depoimentos e acertou detalhes da reconstituição.
O advogado Antonio Nardoni, avô de Isabella, está sendo investigado. A polícia quer saber se ele ou outras pessoas da família do pai da menina, Alexandre Nardoni, 29, alteraram a cena do crime para mascarar ou destruir provas. De acordo com investigações, alguém limpou o chão do apartamento e lavou uma fralda e uma toalha de rosto usadas para limpar o sangue que escorria da testa da menina.
Antonio Nardoni pode ter entrado no apartamento pelo menos duas vezes antes da interdição pela polícia. Uma delas teria sido, segundo testemunhas, no domingo, horas depois da morte da menina. A segunda teria ocorrido na segunda-feira, dia em que Isabella foi enterrada.
Polícia prepara megaevento para reconstituição de crime
A reconstituição da morte de Isabella Nardoni, 5, ganhou contornos de megaevento. Pelo menos 100 policiais vão participar da encenação, que pode durar cerca de 10 horas. O espaço aéreo em num raio de três quilômetros em torno do prédio será fechado por 14 horas e a rua vai ser parcialmente interditada, para evitar a aproximação de curiosos. Uma boneca com o mesmo tamanho e peso de Isabella foi comprada pela polícia.
Advogados criminalistas lembram que, apesar de poder revelar detalhes importantes da mecânica do crime, a reconstituição não garante a exatidão dos fatos.
- O crime foi à noite e a reconstituição será feita durante o dia. Isso altera a percepção de gritos e ruídos que as testemunhas tiveram naquele dia - diz o advogado criminalista Sergio Rosenthal.
Os detalhes da reconstituição estão sendo definidos por homens do Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil. Este será o último passo antes do encerramento do inquérito. Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foram indiciados por homicídio triplamente qualificado.
http://oglobo.globo.com/sp/mat/2008/04/25/policia_investiga
_se_tia_de_isabella_usou_luvas_plasticas-427059103.asp
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