BRASÍLIA - Depois de sofrer novas derrotas na CPI do Cartão Corporativo, a oposição começou a colocar em prática a estratégia traçada para tentar forçar o governo a divulgar os dados sigilosos sobre os gastos da Presidência da República com cartões corporativos. Parlamentares do PSDB e do DEM confirmaram sua intenção de submeter ao plenário do Congresso todos os requerimentos de pedido de informações ou de convocações rejeitados pela CPI. Antes disso, porém, a oposição pretende garantir a convocação da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, seja no plenário do Senado ou nas comissões de Constituição e Justiça ou de Fiscalização e Controle. Os três requerimentos foram apresentados pelo líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM). (Confira quem é quem na CPI)
- Se alguém pensa que vai consagrar a impunidade jogando nas costas da sua tropa de choque da CPI, essas pessoas estão muito enganadas. Vão ter que votar aqui, voto nominal, vão ter que colocar as suas caras, as suas faces, naquele painel eletrônico - avisou Virgílio da tribuna.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) também criticou o rolo compressor do governo. ( Ouça a declaração do senador )
- O rolo compressor continua funcionando. A tropa de choque, ao velho estilo, derrota todas as pretensões da oposição de investigar para valer informações que consideram sempre sigilosas. E o sigilo fica a critério do governo. Portanto, há um direcionamento que tem por objetivo fornecer atestado de boa conduta a pessoas desonestas e acobertar a corrupção, especialmente em órgãos ligados à Presidência - criticou o senador.
Para submeter o requerimento de convocação da ministra Dilma ao plenário do Senado, a oposição suspendeu nesta terça-feira a obstrução sistemática que vinha fazendo às votações de medidas provisórias, permitindo a desobstrução da pauta.
- Se tivesse que fazer uma aposta, diria que a ministra Dilma virá ao Congresso. Onde ela vai eu não tenho bem idéia, mas ela virá. Ela vai ter que vir. O General Garrastazu cassava pessoas daqui. Ele cassou o meu pai. Ela não pode me cassar - acrescentou Virgílio.
Em outra frente, a oposição entrou com uma representação junto ao Ministério Público contra Dilma e sua secretária-executiva, Erenice Guerra, em razão do vazamento do dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sua mulher, Ruth Cardoso. Na ação, os presidentes do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), e do Democratas, deputado Rodrigo Maia (RJ), propõem que tanto a ministra como sua assessora sejam enquadradas no crime de responsabilidade, de ameaça e de quebra de sigilo.
" Se não tomarmos uma providência, esse crime ficará impune "
- Se não tomarmos uma providência, esse crime ficará impune - observou o líder do DEM, senador José Agripino (RN).
Antes mesmo de presidir a sessão de votação de requerimentos, a presidente da CPI, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), procurou pela manhã o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), e pediu a ele que entrasse em contato com o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Walton Alencar Rodrigues, para saber até onde o Congresso Nacional tem autonomia para investigar os gastos do Executivo.
- Queremos saber se o presidente do Senado pode requisitar os documentos do TCU sobre os gastos da Presidência, sem que isso tenha necessariamente de ser aprovado pela CPI. Afinal, precisamos ter instrumental para trabalhar - explicou a senadora Marisa Serrano.
O PSDB também está reivindicando que um representante da oposição, possivelmente do PSDB, possa acompanhar a comissão de sindicância instalada pela Casa Civil para apurar o vazamento dos dados sobre os gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sua mulher.
http://oglobo.globo.com/pais/mat/2008/04/01/oposicao_
quer_garantir_convocacao_de_dilma_no
_congresso-426636530.asp
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