sábado, 8 de dezembro de 2007

Elogiado por Lula, Sarney resiste a Senado

da Folha de S.Paulo



Pressionado durante jantar em Macapá (AP), que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o senador José Sarney (PMDB-AP) repetiu que não deseja presidir o Senado.




Seus aliados, contudo, dizem que "por enquanto" ele se mantém irredutível, mas que sua posição pode mudar até terça, quando a bancada do PMDB escolherá seu candidato à sucessão de Renan Calheiros (AL).




O jantar de anteontem foi realizado na residência oficial do governador do Amapá, Waldez Góes (PDT).




Ontem, ainda em Macapá, o presidente e o senador trocaram elogios em público. Sarney discursou antes de Lula e foi interrompido por ele, que entregou em suas mãos o decreto que garante o início das obras da usina hidrelétrica Santo Antônio, no rio Madeira.




Sarney agradeceu a "gentileza" e informou aos presentes a publicação do decreto no "Diário Oficial", recebendo os aplausos. Havia cerca de 2.000 pessoas presentes.




O ex-presidente repetiu o que disse recentemente em Nova York. "Pela primeira vez chego aos Estados Unidos e não vejo que aqui se anuncia que o Brasil é catastrófico. Ao contrário, o que se ouve é que o Brasil tem os números que mais cresce", afirmou o senador.




Segundo Sarney, a biografia de Lula "é um patrimônio nacional", e o presidente "é talvez o maior líder da história contemporânea brasileira, com a sua popularidade".




Lula, o último a discursar, também cobriu o aliado de elogios. "O presidente Sarney tem sido um companheiro nos momentos mais difíceis, companheiro de todas as horas", afirmou. "Quero de público agradecer a lealdade e o companheirismo que tem o companheiro Sarney", completou.




Antes de seguir para o aeroporto, Lula repetiu que não tem candidato à presidência do Senado. "Meu candidato é o que o PMDB indicar porque é o candidato que a base vai votar", declarou. "Quem o PMDB indicar eu vou torcer para ganhar a presidência do Senado."




Minutos antes, em seu discurso, Lula afirmou que, quando Sarney era presidente, ele comeu o "pão que o diabo amassou", porque tinha muita gente que preferia que ele não tivesse sucesso. "Tinha gente do PMDB que não admitia o fato do Sarney ter sido presidente depois da morte do Tancredo Neves", disse o petista.




Segundo Lula, antes da sua posse em 2002, Sarney lhe entregou "um papelzinho com uma letrinha bem pequena, dizendo: "Presidente, algumas coisas que Vossa Excelência deve tomar cuidado'". E acrescentou: "exatamente o que ele disse é o que a gente vê acontecer".




Anteontem, Sarney e Lula viajaram juntos de Belém até Macapá. Segundo o presidente, eles tiveram na residência do governador um "daqueles jantares dos deuses".




Nenhum comentário:

Google