sábado, 3 de novembro de 2007

Iraque e Turquia aproximam posições na luta contra o PKK

Da Folha Online


Iraque e Turquia aproximaram neste sábado suas posições na luta contra a guerrilha do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão) na região norte do país árabe após o compromisso de Bagdá de tomar medidas "urgentes" contra o grupo.


Tal atitude pode ser considerada uma tentativa dos dois países de recuperarem suas deterioradas relações e assim evitar uma incursão militar turca no norte do Iraque.


O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, se mostrou "satisfeito" com a declaração final da 2ª Cúpula dos Países Vizinhos ao Iraque, que terminou neste sábado em Istambul e deu apoio à luta antiterrorista do Iraque.


Os países vizinhos ao Iraque e os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU se comprometeram a apoiar os esforços de Bagdá em sua luta contra o terrorismo e em evitar que grupos armados utilizem o território iraquiano para atacar outras nações.


"Os participantes concordaram em reafirmar a independência, a total soberania, a união nacional e a integridade territorial, além da identidade árabe e muçulmana do Iraque, e se comprometem a preservar as fronteiras internacionalmente reconhecidas do Iraque", diz o texto elaborado após dois dias de negociações.


Mas as conversas entre os líderes presentes à cúpula acabaram sendo mais importantes do que o texto decorrente do encontro.


Após intensas reuniões entre a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, e representantes turcos e iraquianos, o primeiro-ministro iraquiano, Nouri al Maliki, prometeu "medidas urgentes" contra o PKK.


O porta-voz do governo iraquiano, Ali al Dabbagh, disse que seu país "já toma medidas concretas contra o PKK" que levarão a legenda ao isolamento.


Dabbagh declarou que estas medidas foram postas em andamento com o começo do fechamento dos escritórios do PKK.

Enquanto isso, a agência pró-curda "Firat" informou que os escritórios do PSDK (Partido da Solução Democrática Curda, próximo ao PKK) foram cercados na cidade de Erbil, capital da região autônoma curda do norte do Iraque.


Além disso, a delegação iraquiana anunciou em Istambul que espera "boas notícias em breve" sobre os oito soldados turcos capturados pelo PKK no dia 21 de outubro deste ano durante um combate.


A "Firat" publicou neste sábado que os reféns podem ser libertados amanhã e entregues a uma delegação de três deputados turcos do pró-curdo DTP (Partido da Sociedade Democrática) que viajaram hoje ao norte do Iraque para reivindicar a libertação dos militares.


O ministro das Relações Exteriores iraquiano, Hoshyar Zebari, declarou que Turquia e Iraque caminham rumo a "uma ação comum" contra o PKK e explicou as medidas que foram tomadas por enquanto: aumentar a vigilância para evitar o apoio logístico ao PKK, fechar seus escritórios e prender seus colaboradores.


No entanto, o iraquiano se negou a responder se estes serão extraditados para a Turquia, como exige Ancara.


"Trata-se de medidas possíveis, para reconstruir a confiança entre Turquia e Iraque", assegurou Zebari, em referência às denúncias turcas sobre a suposta permissividade iraquiana em relação às bases do PKK.


Zebari reconheceu que "é muito difícil" lutar contra o PKK nas montanhas, onde a guerrilha se refugia, e abriu espaço para uma operação militar iraquiana contra a base central do PKK nas montanhas Kandil, embora ressaltando que "seria preciso discuti-lo antes com os outros países."


Perguntado sobre o motivo da demora nas ações, Dabbagh admitiu que foi necessária muita preparação e coordenação entre o Executivo central e o governo autônomo curdo do norte do Iraque.


"O que importa é que o Parlamento iraquiano considera o PKK um grupo terrorista, e isto se aplica a todos os níveis do governo", afirmou o porta-voz iraquiano, negando que o presidente da administração autônoma curda no norte do Iraque, Massoud Barzani, esteja contrariando ordens do governo central.


"(O governo regional curdo) é parte do governo do Iraque e está comprometido com suas decisões. O senhor Barzani também as apóia", acrescentou.


A Turquia concentrou mais de 100 mil soldados ao longo da fronteira iraquiana e ameaça realizar uma incursão militar contra as bases do PKK no norte do Iraque, que, segundo os turcos, estão sendo protegidas pela administração curdo-iraquiana.


No último mês, aproximadamente 50 soldados e civis turcos e 100 militantes do PKK morreram em diversos confrontos.


Na próxima segunda-feira, o primeiro-ministro turco viaja aos EUA para se reunir com o presidente americano, George W. Bush.


Espera-se que a Turquia anuncie uma posição quanto a atacar ou não o norte do Iraque após este encontro.


O ministro das Relações Exteriores turco, Ali Babacan, não descarta a opção militar e afirma que "há muitos instrumentos para lutar contra o terrorismo e depende da estratégia da Turquia o momento de utilizar cada um."

Do Site:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u342357.shtml

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