Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A indústria brasileira teve no ano passado o maior crescimento desde 2004 e, apesar de uma queda na produção em dezembro, a perspectiva para o setor em 2008 é favorável.
A atividade aumentou 6,0 por cento em 2007, o terceiro melhor desempenho do Plano Real, atrás apenas de 2004 (8,3 por cento) e 2000 (6,6 por cento), informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.
A indústria cresceu 4,8 por cento no primeiro semestre e 7,1 por cento na segunda metade do ano.
"Em 2007, houve um estímulo ao aumento da demanda interna pelas condições favoráveis de crédito em termos de prazos e volume. Houve uma maior estabilidade no mercado de trabalho com mais ocupação e qualificação, com uma consequente melhora na renda", afirmou o economista do IBGE Silvio Sales.
Ele destacou que o perfil do crescimento da indústria nos anos de 2007 e 2004 foi parecido, mas se deu sobre bases bem diferentes. "Em 2004, a indústria vinha de um crescimento zero em 2003. Já em 2007 a expansão se deu em cima de dois anos de crescimento", disse.
"A expansão do ano passado parece ter uma base mais consistente. Agora há uma relevância maior do mercado interno, enquanto em 2004 e 2000 as exportações empurraram."
No ano, os destaques de crescimento foram os setores de Veículos automotores (15,2 por cento) e Máquinas e equipamentos (17,7 por cento).
Entre as categorias de uso, a maior expansão veio de bens de capital, de 19,5 por cento, enquanto a atividade em bens de consumo duráveis avançou 9,2 por cento. A produção de bens intermediários subiu 4,9 por cento e a de bens de consumo semi e não duráveis aumentou 3,4 por cento.
BOA PERSPECTIVA PARA 2008
Apesar da queda na produção nos meses de novembro e dezembro, a indústria fechou o último trimestre com expansão de 5,5 por cento graças ao pico atingido em outubro.
"Eu não estou tomando essas quedas como uma mudança de tendência, porque é normal nessa época do ano", afirmou Roberto Padovani, economista-chefe do WestLB do Brasil. "Em janeiro começa a reverter, porque é a época em que os estoques são recompostos."
Em dezembro, a atividade retraiu-se 0,6 por cento frente a novembro.
Segundo Padovani, continuam presentes em 2008 os fatores de estímulo vistos no ano passado, como renda e crédito.
Para Sales, do IBGE, a virada de 2007 para 2008 é mais promissora para a indústria que a de 2006 para 2007. "As estatísticas de varejo no fim do ano também foram muito positivas, o que abre uma perspectiva para a reposição de estoques da indústria. Estamos entrando 2008 com um quadro favorável", disse.
(Reportagem adicional de Vanessa Stelzer)
http://oglobo.globo.com/economia/mat
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