Sob deferências dos sete auditores e do promotor do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), Romário, 41, foi absolvido por unanimidade ontem e teve a pena de 120 dias por doping anulada. Ele já pode voltar a jogar. Se quiser.
Após abandonar o cargo de treinador do Vasco, Romário ouviu proposta do Flamengo. Os dois times se enfrentam no domingo, em semifinal do primeiro turno do Campeonato Estadual. Ele ainda não definiu em que equipe fará sua partida final. Ou se ela será realizada.
“Não vou dizer para vocês se vou jogar mais um jogo, dois jogos, se eu vou jogar. Em relação a domingo, eu não me encontro fisicamente em condição de jogar”, afirmou, após o julgamento. Ele tem contrato com o Vasco até o dia 30 de março.
Romário chegou tenso ao tribunal. Ao falar sobre o caso para os auditores, chorou. “É uma situação constrangedora. Não tinha motivo para ter qualquer tipo de ajuda extra a não ser a fé que eu sempre tive”. A sessão teve cinco minutos de intervalo para o atacante se recompor.
Os auditores e o promotor Paulo Schmitt a todo momento afirmavam tentar separar “o mito do atleta”. Mas a maioria apresentou “constrangimento” frente a Romário.
“O mito está preservado. Jamais podemos deixar de render homenagens. Para nós também há uma dose de constrangimento”, disse Schmitt, que pediu a manutenção da punição.
Ao votar, o presidente do tribunal, Rubens Approbato argumentou que não poderia “marcar” a carreira de Romário com uma condenação por doping.
“Formalmente ocorreu uma infração? Sim. Formalmente a decisão da primeira instância está correta? Sim. Mas pela formação moral, intelectual de Romário... Ele já cumpriu a pena, não deve ser chancelado, marcado como atleta dopado. Um Maradona da vida brasileira. Maradona aspira cocaína, cheira. Romário merece respeito. Ele não é maconheiro, cocaineiro”, disse. A fala de Approbato foi a que mais emocionou Romário, que tinha os olhos marejados durante as duas horas e 15 minutos de julgamento. O atacante foi absolvido com o voto dos sete auditores presentes à sessão.
“Vim para lutar pela minha honra. Continuo sendo aquele cara que todos sabem: limpo”, afirmou Romário, que foi flagrado no exame antidoping em outubro do ano passado após jogo contra o Palmeiras. A suspensão foi imposta no dia 5 de dezembro, quando o resultado do exame foi divulgado, e durou 71 dias. Romário recorreu da decisão e foi absolvido.
O presidente do Vasco, Eurico Miranda, compareceu ao julgamento. O clube retirou o seu advogado do caso após Romário abandonar o cargo de treinador da equipe. O relator do processo, Caio Rocha, considerou o argumento da defesa de que a finasterida, substância proibida detectada, foi “rebaixada” na lista da Wada (Agência Internacional Antidoping). Ela é usada na fórmula de tônicos capilares. A finasterida deixou de ser classificada como substância proibida e passou a ser “substância especificada”. Ela não altera o desempenho do atleta, mas mascara o uso de substâncias dopantes.
O promotor alegou que a mudança ainda não foi confirmada pela CBF, mas não convenceu os auditores.
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