CIRILO JUNIOR
da Folha Online, no Rio
A Petrobras confirmou nesta quinta-feira que dados sigilosos sobre pesquisas sísmicas, que podem incluir a descoberta de petróleo e gás, foram furtados de um contêiner da empresa. A estatal informou apenas que o furto foi feito de uma empresa terceirizada prestadora de serviços, mas não citou nomes. O contêiner era transportado pela norte-americana Halliburton --a empresa, porém, afirmou que não se pronunciará a pedido da petrolífera brasileira.
Segundo a Petrobras, o furto ocorreu no início deste mês e a investigação está sob sigilo. Uma missão especial da Polícia Federal no Rio, em conexão direta com o comando da PF em Brasília, investiga o caso.
Quando ocorreu o furto de um disco rígido e dois computadores portáteis com dados sigilosos, o contêiner da Halliburton se dirigia a Macaé (RJ) após sair de uma plataforma na Bacia de Campos, rumo à base de operações da Petrobras.
A estatal não informou detalhes sobre o conteúdo dos dados roubados, nem se continham números sobre o megacampo de Tupi, na Bacia de Santos. A Petrobras também evitou comentar detalhes do furto, mas disse que possui cópias das informações.
A Halliburton é uma das principais empresas prestadoras de serviços para o setor petrolífero do mundo e teve como um de seus executivos o vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney. O contrato com a Petrobras tem validade de quatro anos e valor de US$ 270 milhões.
A companhia americana atua principalmente na área de infra-estrutura voltada para o setor petrolífero, mas também em outras áreas, como logística para operações militares.
Tupi
Anunciado em novembro do ano passado, o campo de Tupi, na Bacia de Santos, tem uma reserva estimada entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris de petróleo (segundo a Petrobras), e é considerado uma das maiores descobertas de petróleo do mundo dos últimos sete anos.
O roubo ganha gravidade caso realmente se confirme que o contêiner tinha informações sobre Tupi. Devido à dimensão de suas possíveis reservas, o megacampo mexe com o mercado há meses.
Recentemente, as ações da estatal tiveram forte oscilação, após a empresa britânica BG Group (parceira do Brasil no campo, com 25%) ter divulgado nota estimando uma capacidade entre 12 bilhões e 30 bilhões de barris de petróleo equivalente em Tupi. A portuguesa Galp (10% do projeto) confirmou o número.
Como termo de comparação, as reservas provadas de petróleo e gás natural da Petrobras no Brasil ficaram em 13,920 bilhões (barris de óleo equivalente) em 2007, segundo o critério adotado pela ANP (Agência Nacional do Petróleo).
Ou seja, se a nova estimativa estiver correta, Tupi tem potencial para até dobrar o volume de óleo e gás que poderá ser extraído do subsolo brasileiro.
Maior descoberta da história da estatal, o campo está localizado na chamada camada pré-sal, nova e promissora fronteira exploratória do subsolo marinho brasileiro. A área se estende ao longo dos litorais dos Estados de Santa Catarina ao Espírito Santo (bacias de Santos, Campos e Espíritos Santo). Fica abaixo de uma espessa camada de sal --sobre ela se concentrava até agora a exploração de petróleo no Brasil.
www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u372404.shtml
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