Da FolhaNews
O senador Wellington Salgado (PMDB-MG) e Gilvam Borges (PMDB-AP) pediram vista do processo por quebra de decoro parlamentar contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDL-AL). Aliado de Renan, Salgado foi relator do processo por menos de 24 horas - ele renunciou ao posto em protesto contra a ampliação das investigações contra Renan, acusado de usar recursos da Mendes Júnior para pagar despesas pessoais, como pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha fora do casamento.
O presidente do conselho, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), ainda não acatou o pedido dos peemedebistas. O senador argumenta que, somente no momento da votação, poderá atender a solicitação dos parlamentares. Por enquanto, os relatores fizeram apenas a leitura da parte inicial do texto. Com o pedido de vista, a votação --prevista para hoje-- deve ser adiada. Salgado alega que os relatores Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS) incluíram em seu texto fatos não mencionados anteriormente e que devem ser melhor analisados.
Essa é mais uma manobra para adiar a votação. Antes disso, o relator Almeida Lima (PMDB-SE) - também aliado de Renan - insistia em apresentar um relatório paralelo ao texto feito por Casagrande e Serrano. Depois de tumulto e bate-boca, o presidente do Conselho de Ética do Senado, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), decidiu hoje acatar como único relatório de Casagrande e Serrano. Quintanilha avalia que o texto elaborado por Almeida Lima será considerado apenas como voto em separado no conselho. "Eu entendo que esse é o relatório da comissão. O senador Almeida Lima vai apresentar seu voto em separado", disse Quintanilha.
Os três relatores não conseguiram chegar a um consenso sobre o mérito das denúncias contra Renan. Enquanto Lima defende que o senador seja absolvido, Casagrande e Serrano são favoráveis à perda do mandato do parlamentar por quebra de decoro. Diante da divergência, apresentaram relatórios separados.
Na sessão, Lima chegou a bater boca e trocar insultos com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) depois que a oposição insistiu que o texto do peemedebista fosse transformado apenas em voto em separado - sem caráter de relatório. No tumulto, os dois senadores quase chegaram às vias de fato. Exaltado, o peemedebista argumentou que não admitiria ser tratado como ´sub-relator´ do processo.
Tasso acusou o senador de estar agindo como ´palhaço´, o que provocou a ira de Lima. "Se Vossa Excelência sabe bater [na mesa], eu também sei. A tentativa de castrar a minha palavra para ler o relatório de cinco laudas, eu não vou aceitar", enfatizou. O clima esquentou depois que o tucano disse que Lima agiu como uma "boneca" e o acusou de estar "vendido" em favor de Renan. Os dois senadores tiveram que ser contidos por colegas. A sessão do Conselho de Ética ficou suspensa por 15 minutos, até que os senadores estivessem com os ânimos controlados.
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