quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Mattel recolhe 28 artigos por falta de segurança

Leonor Paiva Watson

A empresa de brinquedos Mattel Portugal anunciou, ontem, a retirada do mercado de 28 artigos, de três marcas, por conterem ímanes e tintas com alto teor de chumbo. A operação - que poderá somar alguns milhares de unidades no nosso país - significa a recolha de 18 milhões no Mundo.

A iniciativa visa 25 artigos da Polly Pockets, sendo que três são da submarca Doggie Day Care, dois artigos da Cars e um da Barbie, a maior marca da Mattel. A recolha está iniciada nos hipermercados e os consumidores que já tenham adquirido os artigos visados podem contactar a Mattel e tratarem da devolução do produto e sua substituição por um outro de igual valor. O comunicado enviado pela empresa pede aos pais que retirem estes produtos do alcance das crianças, imediatamente.

Em causa, na maioria dos artigos, estão os ímanes e o facto de estes poderem soltar-se; bem como, especialmente nos artigos da Cars, a tinta que é tóxica.

Relativamente aos primeiros, há relatos de que três crianças norte--americanas tiveram que ser submetidas a intervenções cirúrgicas, devido à ingestão destes ímanes. A marca garante, porém, que, entretanto, melhorou a suas técnicas de fixação destes pequenos elementos.

Relativamente à tinta com elevado teor de chumbo, a empresa justifica que os brinquedos em questão foram produzidos pela Early Light, uma das fábricas da Mattel, que subcontratou a tinta para as peças desse brinquedo a outro fornecedor. Ao subcontratante foi pedido que usasse as tintas da Early Light, mas tal não aconteceu.

A decisão teve na origem algumas auditorias. Já no final do ano passado, a marca retirou do mercado oito artigos por causa de peças magnéticas. Entretanto, já no início deste mês, o fabricante Fisher-Price, propriedade da Mattel, anunciou estar a recolher do mercado 83 tipos de brinquedos com elevadas quantidades de chumbo na tinta.

A partir daqui, a Mattel decidiu que iria analisar todos os brinquedos que produz e concluiu pela recolha destes 28 artigos, que, na sua maioria, são antigos.

Prateleiras das lojas já não têm Polly Pockets

Ontem, as vendas nas lojas de brinquedos não decorriam muito longe da normalidade, apesar da informação lançada pela Mattel. Se nos Estados Unidos foram retirados do mercado cerca de nove milhões de brinquedos, quase metade da totalidade dos brinquedos em causa vendidos em todo o mundo, e em Espanha foram cerca de 500 mil, já em Portugal esse número reduziu-se a apenas umas centenas. Ontem, dos brinquedos perigosos da Mattel já nem havia vestígios. Muitas lojas já os tinham retirado das prateleiras durante a tarde. "No momento em que nos deram a notícia, retirámos tudo", explicou ao JN o encarregado da Toys'R'Us de Vila Nova de Gaia, Alberto Alvarez. O trabalho não foi difícil, até porque não havia muitos destes brinquedos, "nem tão pouco eram produtos estrela", referiu o encarregado. No entanto, tiveram que o fazer o mais rapidamente possível, uma vez que "se existir algum problema, o cliente também culpa os vendedores". Alberto Alvarez destaca que os consumidores têm, normalmente, muita preocupação com a segurança dos brinquedos que compram. "Perguntam sempre o porquê, para quê e se é seguro ou não". Jorge Silva encontrava-se na Toys'R'Us a comprar uma prenda ao filho. "Obviamente", estava preocupado com a segurança e confessou que "o bem-estar dos filhos é muito importante". Tal como a generalidade dos clientes, ainda não sabia do alerta de segurança da Mattel. "Não ouvi falar de nada, mas logo se vê como é que isso se vai desenrolar". Voltar a ver produtos como os Polly Pockets poderá, a partir de agora, ser difícil. Mas, tal como recorda Jorge Silva, "as crianças estão mais seguras". Helga Costa

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