Cláudio Humberto

“Não é possível um esquema desse tamanho sem o governo”Antônio Fernando Souza, procurador-geral da República, sobre a quadrilha do mensalão

Denise fez acordo para escapar

Na véspera de depor na CPI do Apagão Aéreo no Senado, quinta (16), José Carlos Pereira (ex-Infraero) e Denise Abreu, diretora da Agência Nacional de Aviação Civil, fecharam um acordo: o brigadeiro amenizaria a acusação de que ela fez lobby para beneficiar um amigo; em troca, Abreu desistiria de processá-lo. Ele fez sua parte e saiu da CPI com fama de quem “amarelou”, mas não estava combinado que ela tripudiaria, celebrando sua “retratação”.

Falso testemunho

O acordo do brigadeiro com Denise Abreu torna-o sujeito a indiciamento por falso testemunho, adverte o senador Demóstenes Torres, relator da CPI.

Por pouco

Como investigada, Denise Abreu tem o direito até de mentir no depoimento na CPI, por isso ela pode se livrar da acusação de falso testemunho.

Intermediário

O acordo de Denise Abreu com José Carlos Pereira foi fechado na casa de Leur Lomanto, diretor da Anac, na noite do dia 15, véspera de depor na CPI.

Notícia velha

A provável demissão de Denise Abreu da Anac, por fornecer documento falso à Justiça, é do conhecimento dos nossos leitores desde sexta (17).

Mistério em banho-maria

A Aeronáutica revelou que contêm “diálogos informais” os 22 minutos omitidos na degravação da caixa-preta do Airbus da TAM que explodiu em São Paulo, matando 199 pessoas. A CPI do Apagão Aéreo da Câmara pediu a degravação completa, após a jornalista Christina Fontenelle mostrar em seu blog o “mistério da caixa-preta”. O ministro Nelson Jobim prometeu a fita completa aos parentes das vítimas, mas não a pediu à Aeronáutica.

Absolvido

Piada entre senadores: só as fotos de Mônica Veloso, nua em photoshop na Playboy, definirão a absolvição de Renan Calheiros do pecado da carne.

Mixaria

O PAC da Segurança investirá R$ 6 bilhões em 11 Estados, nos próximos cinco anos. Só em 2007, São Paulo gastará R$ 8,6 bilhões nessa área.

Nossa grana

A Agência Nacional de Aviação Civil não consegue monitorar os aeroportos, mas contratou “serviço de monitoramento de notícias” por R$ 133 mil.

Rindo de quê?

Quem visita o site da Anac e vê as fotos da diretoria colegiada fica com a impressão de que a crise aérea voa bem longe de apagões e acidentes. Todos aparecem sorridentes. Só falta Denise Abreu fumando charuto.

Otimismo

Contrariando declarações de adversários e dos caçadores de holofotes, o senador Renan Calheiros disse ontem a esta coluna que achou “positivo” o relatório da Polícia Federal sobre sua vida contábil. Parecia muito animado.

Preconceito oficializado

O caso é tratado como intolerância à diversidade, mas há quem afirme que foi só um erro. Portarias do secretário-executivo do Ministério do Trabalho, ao serem publicadas dia 15 no Diário Oficial da União, citam o titular, Ronaldo Lessa, como “secretária executiva”. Cruzes.

Câmara da esmola

É comum funcionários do Congresso serem abordados por pedintes de esmolas. Eles passam despercebidos pela portaria, sobem ao 26º andar e descem de piso em piso, passando a sacolinha em todas as salas.

Sem disputa

O senador ACM Jr nega que os herdeiros de ACM estejam travando uma luta pelo controle do império de comunicação da família. Ele garante que os veículos do grupo, liderados pela TV Bahia, já têm noticiário equilibrado.

Água mole

Duas construtoras brasileiras – adivinhem quais? – querem construir duas hidrelétricas em Honduras, financiadas pelo BNDES ao custo de US$ 450 milhões. Em troca, o País compraria a energia a preço de mercado.

Tribunal da corrupção

Não bastassem tantos tribunais, surge a plumosa proposta do PSDB de criar o Tribunal Superior da Probidade, com turmas, câmaras e varas para julgar casos de corrupção. Sairia mais barato dar uma varada na corrupção.

Apatia

Crimes violentos parecem atrair mais a atenção das pessoas do que escândalos políticos: o julgamento da quadrilha do mensalão do governo Lula, no Supremo Tribunal Federal, ontem, não atraiu populares.

Pensando bem...

...não há mocinhos na novela “Mensalão”, campeã de audiência na TV Justiça.

###PODER SEM PUDOR

Rigor conventual

Era um almoço oferecido a empresários de outros Estados, no Palácio das Princesas, pelo então governador Roberto Magalhães. Durante a sobremesa, um dos convidado elogiou a fruta servida.

– É um fruto divino! – brincou Sileno Ribeiro, poderoso secretário do Gabinete Civil de Magalhães. Brincou com fogo.

D. Jane, a influente primeira-dama, católica fervorosa, achou que o secretário cometera uma blasfêmia. E exigiu sua demissão. Foi atendida.