Por Nidal al-Mughrabi
GAZA (Reuters) - Israel matou na quarta-feira três membros de uma família palestina da Faixa de Gaza em um ataque aéreo malsucedido e alvejou mortalmente um líder militante da Cisjordânia.
As investidas aconteceram um dia depois de os palestinos terem dito que a pior onda de violência ocorrida desde o final de 2006 poderia prejudicar os esforços de paz na região.
Enquanto os palestinos realizavam uma greve geral devido ao fato de Israel ter matado 18 pessoas na terça-feira, a maior parte delas homens armados, um míssil israelense lançado contra militantes do grupo Jihad Islâmica na Faixa de Gaza atingiu o carro errado e matou três civis, entre os quais um menino de 13 anos de idade.
A escalada da violência registrada nesta semana ocorre depois do lançamento das negociações de paz mais ambiciosas para o Oriente Médio em sete anos e da visita do presidente dos EUA, George W. Bush, que tenta incentivar os esforços para que seja selado, dentro de um ano, um acordo de criação de um Estado palestino.
Sublinhando os obstáculos a serem enfrentados pelos esforços realizados por Bush, um partido direitista abandonou na quarta-feira a coalizão de governo liderada pelo primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, condenando as negociações e deixando o dirigente ainda mais vulnerável politicamente.
Na Faixa de Gaza, pedaços de corpos espalhavam-se ao redor dos destroços do carro atingido no ataque aéreo. Os sapatos manchados de sangue do menino apareciam jogados ao lado da massa de metal retorcido.
Testemunhas e membros de equipes médicas disseram que o ataque matou três membros de uma mesma família. Uma porta-voz do Exército de Israel afirmou que o míssil atingiu o carro errado e que os militares investigavam o incidente.
Soldados israelenses também mataram Walid Obeidi, um líder da Jihad Islâmica, em um tiroteio ocorrido perto da cidade de Jenin (norte da Cisjordânia), afirmaram testemunhas palestinas.
A Faixa de Gaza representa um dos maiores problemas para os negociadores que tentam chegar a um acordo para a criação de um Estado palestino.
No território, há enfrentamentos quase diários entre as forças israelenses e militantes que disparam foguetes contra cidades de Israel. E, apesar de os planos sobre um Estado palestino incluírem a Faixa de Gaza, essa área é controlada pelo Hamas, um grupo contrário às negociações de paz com Israel e hostil ao presidente palestino, Mahmoud Abbas.
Mahmoud al-Zahar, um importante líder do Hamas que teve um dos filhos mortos nos enfrentamentos de terça-feira, disse que o grupo islâmico continuaria a lutar contra Israel.
"O sangue das crianças não correrá em vão. Ele se transformará em chamas que queimarão Israel cedo ou tarde", afirmou Zahar à Reuters dentro de uma barraca erguida para os que compareceram ao funeral do filho dele.
Em um raro sinal de união, tanto o Hamas quanto a facção Fatah, ligada a Abbas, declararam três dias de luto pelos mortos, ordenando o fechamento de prédios do governo, empresas, lojas e escolas.
As ruas da cidade de Gaza estavam vazias na quarta-feira e as crianças foram mantidas dentro de casa. As lojas também amanheceram com as portas fechadas na cidade de Ramallah (Cisjordânia), uma área de intensa atividade comercial e sede da Autoridade Palestina. Bandeiras palestinas tremulavam a meio mastro.
(Reportagem adicional de Jeffrey Heller e Ari Rabinovitch em Jerusalém, Wael al-Ahmed em Jenin e Mohammed Assadi em Ramallah)
do site:
http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2008/01/16/ataque_aereo_
de_israel_mata_3_membros_de_familia_palestina-328045681.as
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