da Folha Online
A oposição queniana deu sinais neste sábado de que não pretende dar trégua ao governo, mesmo após o presidente do país, Mwai Kibaki, anunciar que está disposto a formar um governo de união nacional para pôr fim à onda de violência que já deixou ao menos 342 mortos e mais de 100 mil desabrigados na última semana.
O líder oposicionista Raila Odinga, do Movimento Democrático Laranja (ODM, na sigla em inglês) voltou a pedir a renúncia de Kibaki.
"Não reconhecemos o governo de Kibaki, que usurpou o cargo que concluiu no último dia 30", afirmou Odinga.
A oposição acusa o governo do Quênia de fraudar mais de 1 milhão de votos para garantir a reeleição de Kibaki. Observadores internacionais também lançaram dúvidas sobre a lisura na contagem dos votos.
"Kibaki não pode governar este país por meio do mesmo medo que Idi Amin [ex-ditador de ugandês, entre 1971 e 1979], impôs em Uganda, cujos resultados nós bem conhecemos", acrescentou Odinga.
O líder oposicionista impôs três condições para voltar a negociar com a Kibaki: que renuncie ao cargo, que reconheça que o país passa por uma grave crise e que aceite a mediação da comunidade internacional.
A segunda condição deve-se à tentativa do governo do Quênia de minimizar a gravidade da situação por que passa o país. Sobre a terceira condição, Odinga disse não entender por que o governo negou a entrada ao país do presidente do Gana e da União Africana, John Kufuor, indicado pela comunidade internacional e pela oposição para buscar um acordo político.
"Queria saber porque Kibaki rechaçou a indicação de Kufuor", afirmou Odinga, que também denunciou a morte de oito civis na noite de ontem, supostamente atingidos por disparos da polícia.
"Minha mulher me chamou esta manhã. Ela estava chorando porque a cidade está em ruínas. A polícia destruiu a cidade de Kisumo", concluiu.
A situação no Quênia, aparentemente, está melhor, em comparação com os dias anteriores. Na capital Nairóbi, o tráfego voltou ao normal e o comércio reiniciou as atividades interrompidas durante quase dez dias. No resto do país, porém, ainda se vêem episódios violentos.
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