Os três observadores portugueses presentes nas eleições presidenciais de sábado na Geórgia apelaram hoje à «tolerância democrática», sublinhando que o «dia seguinte» é «decisivo» para a estabilidade de um país que, geoestrategicamente, é «muito importante» para a Europa.
Contactados por telefone pela Agência Lusa em Tiblissi, João Soares (PS) e António Almeida Henriques (PSD), ambos pela Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), e Maximiano Martins (PS/Madeira), pelo Conselho da Europa (CE), foram unânimes em considerar que, «apesar de alguns aspectos a melhorar», a votação, «no essencial», foi «democrática».
«A participação foi democrática e, no essencial, tudo se passou na normalidade, embora haja alguns aspectos a melhorar. Mas, no essencial, foi dado mais um passo para a Democracia», sublinhou Almeida Henriques.
Segundo os resultados parciais da votação hoje divulgados, o presidente cessante, Mikhail Saakachvili, obteve 58,96 por cento dos votos, tendo o seu principal adversário, o opositor Levan Gatchetchiladzé, recolhido 22,07 por cento, com a taxa de participação a situar-se nos 56,7 por cento.
Almeida Henriques e João Soares salientaram, porém, que a predisposição dos candidatos da oposição antes da votação, que recusavam aceitar uma vitória de Mikhail Saakachvili, esteja a condicionar a tolerância democrática.
«Reunimos sexta-feira com todos os candidatos e os da oposição, todos eles, afirmaram que não aceitariam os resultados se Saakachvili vencesse as eleições», sublinharam, considerando que esse é um dos aspectos «a melhorar» e a «ter em conta» num processo democrático.
Recusando antecipar cenários, nomeadamente em relação ao «day after» das eleições, os três observadores lusos reiteraram o apelo feito hoje pela OSCE e pelo conjunto das organizações internacionais que observaram o acto eleitoral para que haja «tolerância democrática» e que os candidatos da oposição aceitem os resultados.
«A Geórgia, que é um país que, do ponto de vista geoestratégico, é muito importante para a Europa, precisa de estabilidade. Houve um confronto eleitoral que acentuou um debate democrático e o fundamental, agora, é estabilizar o sistema democrático», sublinharam João Soares e Almeida Henriques.
Os três observadores portugueses, que regressam segunda-feira a Lisboa, foram igualmente unânimes em considerar que a diferença de meios financeiros postos à disposição dos candidatos foi «muito grande».
Segundo Almeida Henriques, o presidente cessante teve meios financeiros «iguais ou superiores» ao conjunto de todos os candidatos da oposição, sendo esse «outro aspecto a melhorar» em futuros actos eleitorais.
Sobre o trabalho desenvolvido na observação eleitoral, João Soares adiantou ter passado o dia da votação na companhia de Almeida Henriques, tendo visitado 11 secções de voto em Tiblissi, acompanhando os trabalhos desde antes da abertura das urnas, às 07:00 locais de sábado, até ao encerramento do processo de contagem dos votos, que terminou cerca das 04:00 de hoje.
«Em todas as mesas que visitámos tudo correu bem. Aliás, na secção de voto onde terminámos a observação, houve até demasiados escrúpulos na contagem dos votos. Almeida Henriques e eu até gracejamos, referindo que nós os dois contaríamos os votos mais depressa que os escrutinadores», concluiu João Soares.
Cerca de 460 observadores da OSCE foram destacados para supervisionar a votação georgiana, que contou também, entre outras organizações internacionais, com representações do Conselho da Europa e do Parlamento Europeu (PE).
Hoje, numa declaração lida por Alcee Hastings, chefe da delegação e membro do Congresso dos Estados Unidos, a OSCE considerou que as eleições georgianas foram «competitivas» e «válidas», sublinhando que a «democracia marcou um ponto triunfal».
Diário Digital / Lusa
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