Agencia Estado
A reação imediata do mercado financeiro ao pronunciamento do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, sobre o pacote de estímulo fiscal foi de decepção. ?Os mercados aguardavam mais detalhes do pacote?, comentou o economista Bráulio Borges, da LCA Consultores. ?Bush poderia ter sido mais enfático do que foi. Mas a gente enxerga que há disposição do governo e do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) em evitar recessão.?
Ontem à tarde, George W. Bush propôs uma série de medidas fiscais para evitar que o país entre em recessão. Na avaliação dele, para ser eficaz, o pacote de estímulo econômico deve ser equivalente a 1% do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, ficar entre US$ 140 bilhões e US$ 150 bilhões. Bush defendeu a implementação do plano o mais rapidamente possível, e com duração limitada.
Segundo Borges, o pacote só deve começar a mostrar seus efeitos sobre a economia do 2º trimestre em diante. ?A situação do primeiro trimestre já está dada?, salientou. Até lá, afirmou o economista, os mercados devem manter a volatilidade. Um dos efeitos da fala de Bush se deu no mercado futuro de juros dos EUA, onde cresceu a aposta de um corte de 0,75 ponto porcentual da taxa básica na reunião do Fed que será realizada nos dias 29 e 30 de janeiro. Atualmente, o juro está em 4,25% ao ano.
Borges disse ainda que, a partir do segundo trimestre, ficará mais claro se os Estados Unidos entrarão em recessão ou não. Borges estima que o Produto Interno Bruto (PIB) americano terá crescimento zero no primeiro trimestre de 2008. Para o ano inteiro, o economista prevê uma expansão do PIB ?pouco abaixo de 2%?.
Expectativa frustrada
O economista Fausto Gouveia, da Alpes Corretora, concorda com o colega. ?O pacote criou uma expectativa muito grande, que não foi atendida pelo anúncio em si?, disse. Para ele, o volume de recursos que deve ser aplicado na ajuda, em torno de US$ 150 bilhões, é bom, já que supera as perdas estimadas com a crise das hipotecas de alto risco, de aproximadamente US$ 100 bilhões. ?O problema é que o prejuízo final ainda é incerto?, comentou.
A seu ver, o problema é bem mais profundo do que simplesmente injetar dinheiro na economia, porque também será preciso restaurar a confiança da população. Endividadas, as pessoas temem voltar a gastar. Gouveia também chamou a atenção para a agilidade na implementação das medidas. ?O rápido de Bernanke e Bush não é o rápido do Congresso, que nem está funcionando ainda?, salientou. ?E o momento exige medidas imediatas. Precisa ser algo rápido de verdade.?
Para o economista e professor da PUC-SP Antonio Corrêa de Lacerda, as medidas de Bush para aquecer a economia americana são corretas, e mostram que há intervenção governamental na economia mesmo num país tradicionalmente liberal como os Estados Unidos.
Para ele, ?as medidas do governo devem aquecer a economia?. "Particularmente, não acredito que os EUA entrem em recessão, mas sofra uma desaceleração.? Lacerda estima que o PIB dos EUA deve crescer de 1% a 1,5% neste ano. O professor lembrou que, na crise de 1929, o economista John Maynard Keynes defendeu mecanismos semelhantes para estimular a economia.
do site:
http://www.atarde.com.br/economia/noticia.jsf?id=826047
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