Associação das Concessionárias avalia ainda que é "bastante evidente" a chance de racionamento neste ano
Wellington Bahnemann, da Agência Estado
Ela explica que, dada a necessidade de acionar as termelétricas para a produção de energia, já que as hidrelétricas ficam com a produção comprometida em função da falta de água, o resultado é uma possível alta nos preços. Isso porque o funcionamento das termelétricas é mais oneroso em relação às hidrelétricas. "No longo prazo, a perspectiva é um aumento estrutural do preço da energia, já que os aproveitamentos hídricos mais baratos já foram construídos", disse Elena.
A especialista avalia que o governo já deveria ter realizado há seis meses uma campanha de racionalização do consumo dos recursos energéticos. Elena disse que janeiro será fundamental para o setor elétrico brasileiro. A depender do nível de chuvas até o final do mês, a situação dos reservatórios das hidrelétricas tende a se agravar, elevando a probabilidade de problemas no abastecimento. "A perspectiva de existir um problema de escassez de energia é cada vez mais evidente", disse, ressaltando que o Brasil já atravessa uma grave crise no lado da oferta de energia.
Elena ponderou que, hoje, a resposta do consumidor a uma racionalização do consumo tende a ser muito menor do que a verificada no racionamento de 2001. "Em 2001, a resposta do consumidor foi muito rápida, de modo que houve uma mudança na maneira de se usar a energia", justificou a especialista.
Ela acrescentou que muitas indústrias introduziram o gás natural em sua matriz energética e que alguns consumidores residenciais mantiveram o hábito de consumir a energia de maneira eficiente, ou seja, diminuindo o espaço para novos cortes.
Críticas
Segundo Elena, o governo está equivocado ao tratar da questão do apagão como política e criticou o ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, que descartou novo risco de apagão até 2009, contestando o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman. "A declaração de Hubner é mais política que técnica. O governo não está falando claramente sobre a gravidade da situação", afirmou.
Esta semana, Kelman falou sobre a possibilidade de apagão em 2008 e suas declarações levaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a convocar uma reunião para discutir o assunto com Hubner, Kelman, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O governo insiste que a situação não é assim tão grave.
"Acho complicado quando o mágico acredita na própria mágica. O governo pode até fazer discurso de otimismo. Só não pode acreditar piamente nisso", disse a consultora.
do site:
http://www.estadao.com.br/economia/not_eco107228,0.htm
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