segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Kibaki convida Odinga a dialogar

Presidente do Quénia reeleito tenta acalmar oposição


O Presidente do Quénia, Mwai Kibaki, reeleito no passado dia 27 de Dezembro, convidou, hoje, o líder da oposição e candidato derrotado, Raila Odinga, para dialogarem àcerca da crise política e violência étnica no país desde o escrutíneo. O encontro está marcado para sexta-feira e tenta pôr fim a mais de uma semana de confrontos que já fizeram 600 mortos e 250 mil deslocados.
Isabel Marques da SilvaJornalista

"O Presidente Kibaki convidou o líder da ODM, Raila Odinga, na oposição, para um encontro de diálogo com vista a pôr fim à violência no país e promover a consolidação da paz e a reconciliação nacional", foi o teor de um comunicado público elaborado, hoje, pelos serviços da Presidência do Quénia.

O encontro deverá ocorrer na próxima sexta-feira, dia 11 de Janeiro, pelas 14h30 locais (11h30, em Portugal). Em causa está a não aceitação do partido de Odinga dos resultados eleitorais que ditaram a vitória de Kibaki.

O ODM acusa o PNU, partido do Presidente reeleito, de fraude eleitoral. Desde que os resultados foram a anunciados, a 30 de Dezembro, o país mergulhou numa espiral de violência que já terá causado a morte a mais de 600 pessoas.

O conflito político está a tomar contornos de conflito étnico, uma vez que cada um dos candidatos pertence a uma etnia diferente. Há já também cerca de 250 mil pessoas deslocadas, que fogem da violência entre os dois grupos.

O convite de Kibaki poderá já ser fruto da intervenção da emissária dos EUA - a secretária de Estado-adjunta para os Assuntos Africanos -, Jendayi Frazer, que disse que o povo queniano foi manipulado pelos "seus dirigentes e instituições, já que parecem existir problemas muito sérios no sistema eleitoral".

Ao fim de três dias conversações entre Frazer e Kibaki, o Presidente marcou uma data concreta para o encontro com a oposição, apesar de desde o início da crise se ter disponibilizado para esse diálogo.

Odinga cancelou manifestação

O convite pode ser também uma reacção ao passo positivo dado, hoje, pelo ODM, que cancelou uma manifestação que deveria ocorrer amanhã. O argumento do partido foi que iria receber o presidente da União Africana, Johm Kufuor, que se desloca ao país para tentar mediar o conflito entre as partes.

Odinga também disse, ontem, estar disponível para encontrar uma solução de partilha de poder, desde que Kibaki deixe o cargo e reconheça a vitória presidencial do ODM.

O Governo apressou-se a expressar contentamento pelo cancelamento da manifestação, já que esta não estava autorizada. Mas se Kibaki está também disponível para um "governo de unidade nacional", que inclua a ODM, recusa-se a abandonar o cargo presidencial.

Aliás, marcou o próximo dia 15 de Janeiro com data para início das sessões do novo Parlamento saído das eleições; apesar da lei permitir que essa convocação ocorresse até ao final de Março.

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