O presidente brasileiro, Lula da Silva, desafiou hoje os empresários espanhóis a que aproveitarem as oportunidades de investimento no Brasil, em particular no Programa de Aceleração de Crescimento Económico brasileiro.
«Gostaríamos de convidar os empresários espanhóis a construírem parcerias com empresários brasileiros ou a fazer os investimentos necessários para participar neste programa, um programa que colocará o Brasil num outro patamar», afirmou.
Em declarações em Madrid, o presidente brasileiro insistiu nas oportunidades que se abrem no Brasil, em particular no quadro do plano de investimento e que considera que «vai mudar o Brasil».
«Ainda falta alguma coisa para fazer, mas fiquem certos que queremos chegar a 2010 com o Brasil muito melhor do que está em 2007, para os empresários, para os trabalhadores, para a sociedade e para os dois países«, sustentou.
Lula da Silva falava num seminário em Madrid no arranque da sua terceira visita oficial a Espanha, onde chegou para uma deslocação privada na noite de sexta-feira, durante a qual manteve já, no sábado, um encontro com o chefe do governo, José Luis Rodríguez Zapatero.
O seminário, intitulado »Perspectivas da economia brasileira - Infra-estruturas e biocombustível« foi promovido pelo governo brasileiro, pelo Real Instituto Elcano e pela Confederação Espanhola de Organizações Empresariais contando com a presença de dezenas de empresários espanhóis.
No encontro esteve ainda presente o Príncipe das Astúrias, Felipe de Borbon, e o ministro da Indústria, Comércio e Turismo espanhol, Joan Clos, bem como membros do executivo brasileiro e outros responsáveis dos dois países.
Lula da Silva declarou-se um presidente »muito feliz«, para quem »valeu a pena os sacrifícios dos primeiros anos de governo« tendo sido possível, desde aí, »demonstrar que o Brasil pode ser uma economia sólida«.
«Todo o sacrifício que muitas vezes torna um presidente impopular valeu a pena porque os indicadores, tanto do crescimento económico, do conforto da população e da política social poderia tornar-me num PR muito feliz», afirmou.
«Tenho dito que tenho razões de sobra para estar muito satisfeito pelo que conseguimos até agora e tenho razões de sobras para estar satisfeito por saber que ainda podemos fazer muito mais«, sublinhou.
Os empresários conheceram detalhes do Programa de Aceleração de Crescimento, que prevê investimentos de 250 mil milhões de dólares até 2010 em obras de infra-estruturas, medidas sociais, transporte e energia.
O mesmo tema que tinha, já antes, analisado num pequeno almoço com um grupo selecto de empresários espanhóis e que voltará a analisar, ainda hoje, num encontro com empresários iberoamericanos, que decorre no Palácio da Moncloa, sede do governo.
É aí que Lula da Silva mantém hoje um encontro com o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, com quem deverá analisar vários temas da agenda bilateral, nomeadamente economia e tecnologia.
Agricultura, nano-tecnologia, biomedicina, fármacos e, especialmente biocombustiveis, figuram igualmente na agenda da reunião bilateral.
Depois, Lula da Silva desloca-se ao Palácio da Zarzuela onde se reúne e almoça com Juan Carlos, Rei de Espanha.
Recorde-se que o Brasil é um dos principais produtores de etanol do mundo, um recurso que se transformou num dos principais activos comerciais do país.
Na agenda estará ainda incluído o tema das telecomunicações, em particular depois da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) brasileira estar a estudar a operação de compra pela Telefónica de 23,6 por cento da Telecom Itália no Brasil.
O Brasil é actualmente o primeiro parceiro económico e comercial da Espanha na América Latina e o primeiro destino de exportações espanholas para a região.
Em 2006 as trocas comerciais alcançaram os quatro mil milhões de dólares - 2.300 milhões de exportações espanholas e 1.400 milhões importadas do Brasil.
Espanha é o segundo investidor no mercado brasileiro depois dos Estados Unidos, com investimentos totais de cerca de 35 mil milhões de euros.
Os empresários espanhóis querem agora mais participação no Plano de Crescimento Económico brasileiro.
Nos últimos anos tem-se igualmente consolidado a importância da questão social e cultural, com um reforço do investimento de Madrid no ensino do espanhol no Brasil, onde é já cadeira obrigatória nas escolas.
Diário Digital / Lusa