A economia mundial deverá desacelerar este ano para um crescimento de 3,4% (4,0% em 2006), um abrandamento explicável sobretudo pelo comportamento da economia dos Estados Unidos, indicou hoje a UNCTAD.
No relatório de 2007 sobre Comércio e Desenvolvimento, a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) afirma que, retirando o abrandamento norte-americano (de um crescimento de 3,3% no ano passado para 2,0% em 2007), as restantes regiões deverão manter-se ao nível de 2006 ou ter uma desaceleração mais moderada.
A UNCTAD sublinha que a desaceleração nos Estados Unidos é devida à inversão da anterior explosão do mercado residencial, que sustentou o consumo privado norte-americano, com a contracção do preço da habitação e pôr em risco a solvência de muitos proprietários de casas.
Acrescenta que se põem preocupações semelhantes para o Reino Unido, com uma política monetária restritiva e um elevado endividamento privado.
Quanto ao crescimento na Alemanha e Japão, aquela organização internacional salienta que tem sido estimulado principalmente pelo aumento das exportações e recuperação do investimento, mas o consumo privado mantém-se frágil, apesar de alguma redução do desemprego.
A UNCTAD prevê que a economia da zona euro cresça 2,6% este ano (2,8% em 2006) e que a da União Europeia progrida 2,8 por cento, também 0,2 pontos percentuais abaixo do crescimento do ano passado.
Para a Ásia de Leste e Sul, a UNCTAD prevê altas taxas de crescimento dinamizadas pela forte performance da China e Índia, com acréscimos de investimentos que deverão ultrapassar os 40% na China e aproximar-se de 30% na Índia.
Aponta para um crescimento de 8,0% em 2007 na Ásia de Leste (10,5% na China) e de 7,5% no sul daquele continente (8,5 por cento na Índia), enquanto a economia do Sudeste Asiático deverá progredir 5,7% e a da Ásia Ocidental 5,2%.
A UNCTAD prevê que o aumento do produto africano acelere, de 5,6% no ano passado para 6,0% este ano, devido a uma aceleração de 5,8% para 6,8% no crescimento da África subsahariana (excepto África do Sul).
O PIB da América Latina e Caraíbas deverá crescer menos este ano (5,7% em 2006, 4,7% em 2007), apesar da aceleração do Brasil, a maior economia da região, de 3,7% para 4,5% no mesmo período.
Nos países da Europa de Leste e Comunidade de Estados Independentes (CEI), deverá verificar-se um abrandamento de 7,5% no ano passado para 7,0% este ano, com a Federação Russa a abrandar de um crescimento de 6,7% para 6,4% em idêntico intervalo.
A UNCTAD salienta que os países em desenvolvimento têm beneficiado com o aumento dos preços do petróleo e de matérias-primas, induzido pelo crescimento económico mundial e o acréscimo de procura.
A UNCTAD alerta para que os principais riscos para o crescimento económico advêm de um eventual falhanço em lidar com os actuais desequilíbrios globais, sublinhando que se houver uma recessão nos Estados Unidos e os países com excedentes da balança de transacções corrente (BTC) não iniciarem políticas expansionistas baseadas na procura interna, as perspectivas podem enfraquecer bastante.
Acrescenta que a política económica chinesa está a estimular a procura interna, pelo aumento do rendimento dos trabalhadores de baixos salários e dos camponeses e pela melhoria do sistema de segurança social.
Aquela organização das Nações Unidas adverte que o «efeito potencialmente disruptivo» de um ajustamento súbito, que poderá afectar todas economias, tanto com excedente como com défice da BTC, recomendando políticas nacionais e internacionais que combatam as maiores fontes de desequilíbrios globais e de movimentos especulativos.
A UNCTAD afirma que os países em desenvolvimento e as economias em transição têm mostrado nos últimos anos uma melhoria notável no esforço para se aproximarem dos países desenvolvidos, apesar de até 2002 os Estados ricos terem crescido mais do que os países em desenvolvimento.
Desde 2003, a Africa, a Ásia ocidental e a América Latina atingiram ritmos de crescimento altos e estáveis, após duas décadas de estagnação, juntando-se ao já elevado crescimento no resto da Ásia, adianta.
A UNCTAD assinala que, em paralelo com o forte crescimento económico mundial, o comércio internacional de mercadorias cresceu 15% em dólares e 8% em volume no ano passado, observando que muito do crescimento em valor se deve ao aumento dos preços das matérias-primas, cujas exportações cresceram 30,4% em dólares correntes.
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