domingo, 23 de setembro de 2007

PF pede quebra de sigilo de empresa de Mares Guia

Agencia Estado

A Polícia Federal pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a quebra do sigilo bancário e fiscal da Samos Participações Ltda., holding do ministro de Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, suspeito de ser um dos idealizadores e operadores do mensalão mineiro. A PF solicitou também o bloqueio de bens dos 36 políticos investigados no esquema de captação ilegal de recursos envolvendo a campanha pela reeleição ao governo de Minas do tucano Eduardo Azeredo, em 1998. O ministro nega envolvimento com o mensalão.

Os pedidos da PF foram feitos no relatório final do inquérito, enviado em julho ao STF. Segundo a revista IstoÉ, em 2002, ano da criação da Samos, Mares Guia declarou receita de R$ 1,1 milhão - mas o Fisco descobriu movimentação de R$ 22 milhões pela Samos naquele ano.

A Polícia Federal identificou dois manuscritos de Mares Guia referentes a repasses que teriam sido feitos a aliados da campanha de Azeredo. De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o documento que a PF apreendeu revela que o ministro lançou R$ 500 mil para JM e R$ 1 milhão para HG, referências a Júnia Marise (PDT) e a Hélio Garcia (PTB), então candidatos ao Senado. Mares Guia explicou, por sua assessoria, que fez apenas projeções de gastos de campanha de Azeredo.

A PF solicitou autorização do STF para a fase dois do inquérito, que consiste em interrogar cerca de 170 políticos mineiros, de 19 partidos, beneficiados com doações de caixa 2 em suas campanhas, feitas pela coligação de Azeredo. O relatório do delegado Luiz Flávio Zampronha classifica o mensalão mineiro como uma complexa organização criminosa montada para financiar candidaturas na eleição daquele ano. Ele sugere o indiciamento de um grupo por lavagem de dinheiro, peculato, quadrilha e corrupção ativa e passiva, além de crimes financeiros e eleitorais.

Denúncia

Conforme a denúncia, o empresário Marcos Valério, acusado de ser o operador do esquema, tomava empréstimos milionários em bancos - especialmente o Rural -, que a seguir eram pagos com recursos desviados de empresas estatais mineiras. O dinheiro sairia das estatais por meio de campanhas publicitárias fictícias, patrocínios para eventos esportivos, como o Enduro Internacional da Independência, competições de motocross e corridas de bicicletas, além do superfaturamento de serviços e outras formas fraudulentas.

Azeredo vai encabeçar a lista de políticos denunciados ao STF, como mentor e maior beneficiário do esquema. O mensalão mineiro é considerado embrião do mensalão petista, montado por Valério no governo Lula. O senador nega envolvimento e pede isonomia de tratamento com Lula, que não foi denunciado pelo Ministério Público no mensalão petista em 2006.

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