Cecilia Heesook Paek Seul, 2 set (EFE).- Os 19 sul-coreanos seqüestrados no Afeganistão há seis semanas retornaram hoje a Seul, em meio a críticas pela temeridade do grupo e às especulações de que Seul pode ter pago um resgate de US$ 20 milhões aos talibãs.
Pálidos e visivelmente preocupados, os missionários sul-coreanos chegaram no começo da manhã ao aeroporto de Incheon, na capital sul-coreana, e em um breve pronunciamento pediram perdão ao povo e ao Governo da Coréia do Sul por ter sido fonte de preocupação e por ter ocasionado tantos problemas.
"Temos uma grande dívida com a pátria e o povo sul-coreano", assegurou, lendo um comunicado, Yoo Kyong-shik, de 55 anos, porta-voz dos missionários.
Yoo agradeceu os esforços do Governo e de todo o povo coreano para conseguir sua libertação e expressou a dor do grupo pelos dois companheiros mortos, executados pelos talibãs nos primeiros dias do seqüestro, após a recusa do Governo afegão de trocar presos rebeldes por reféns.
Por último, o porta-voz do grupo assinalou que os seqüestrados tentarão se comportar de acordo com as expectativas de seus concidadãos, em relação às críticas que o grupo recebeu por ignorar a recomendação do Governo de não viajar ao Afeganistão.
Durante o pronunciamento, a maioria dos 19 libertados ficou de cabeça baixa e demonstrou sinais de tristeza.
Posteriormente, os religiosos foram transferidos a um hospital privado nos arredores de Seul, onde serão examinados por uma equipe de médicos durante uma ou duas semanas para estudar seu estado de saúde e receberão tratamento.
Após chegar a um acordo com o Governo de Seul, os talibãs libertaram entre a quarta-feira e a quinta-feira os 19 sul-coreanos que permaneciam seqüestrados.
O grupo original tinha 23 missionários cristãos que foram seqüestrados em 19 de julho durante uma viagem de ônibus pela estrada que liga Cabul a Kandahar, mas dois foram executados durante as negociações e outras duas mulheres foram postas em liberdade por causa de seu estado de saúde.
Após o acordo, Seul assegurou que as condições da libertação dos 19 seqüestrados tinham sido a aceleração da retirada de suas tropas do Afeganistão, prevista para o final deste ano, e a suspensão das atividades missionárias no país islâmico.
No entanto, a libertação dos seqüestrados gerou uma forte polêmica na Coréia do Sul, após as declarações de um líder talibã que assegurou que Seul tinha pago um resgate de US$ 20 milhões.
A opinião pública sul-coreana criticou o proselitismo das missões cristãs sul-coreanas nas zonas em conflito e especialmente neste caso, já que o grupo recebeu recomendações expressas para não viajar ao Afeganistão.
A maioria dos cidadãos sul-coreanos rejeita o comportamento dos missionários porque pôs o país em dificuldades.
O chefe da agência inteligência sul-coreana, Kim Man-bok, que revelou ter dirigido de Cabul as negociações com os talibãs, assegurou que seu Governo não pagou resgate algum para a libertação dos reféns.
O ministro de Exteriores sul-coreano, Song Min-soon, desmentiu ontem de forma categórica o pagamento do resgate aos talibãs, embora tenha reconhecido que as negociações deixaram uma estreita margem de manobra à diplomacia.
Vários países também criticaram Seul por ter negociado diretamente com os terroristas e por ter cedido a suas exigências.
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